O ministro da Defesa chinês, Wei Fenghe, alertou esta terça-feira que a “questão de Taiwan é uma linha vermelha intransponível nas relações entre China e Estados Unidos” (EUA) durante uma reunião no Camboja com o homólogo norte-americano, Lloyd Austin.
O encontro decorreu na cidade de Siem Reap, à margem da cimeira dos ministros da Defesa da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), para a qual ambos foram convidados.
Wei indicou a Austin que a “resolução da questão [de Taiwan] é um assunto do povo chinês”, alertando que “nenhuma força externa tem o direito de interferir” em algo que Pequim considera fazer parte dos seus “interesses fundamentais”, de acordo com um comunicado emitido pelo ministério da Defesa da China.
O ministro assegurou que a responsabilidade pelo deteriorar das relações sino-americanas recai sobre os EUA e exortou Washington a “cumprir as suas promessas” e a “adotar uma política racional e pragmática em relação” a Pequim.
“Os militares chineses têm a confiança e a capacidade de proteger resolutamente a unidade da pátria”, advertiu.
O porta-voz do ministério da Defesa do país asiático, Tan Kefei, declarou também esta terça-feira que as conversações realizadas no Camboja têm “importância significativa” para colocar as relações entre as duas potências “no caminho de um desenvolvimento saudável e estável”.
Citado pela imprensa local, descreveu as negociações como “sinceras e construtivas”.
Tratou-se do primeiro encontro entre as autoridades de Defesa das duas potências desde o encontro no Diálogo de Shangri La, que se realizou em Singapura, em junho.
Desde então, a deslocação da presidente da Câmara dos Representantes norte-americana, Nancy Pelosi, a Taiwan – a visita de mais alto nível realizada pelos EUA à ilha em 25 anos – renovou as tensões entre os dois países.
Em retaliação, Pequim lançou exercícios militares numa escala sem precedentes, que incluíram o lançamento de mísseis e o uso de fogo real. Durante quase uma semana, o Exército de Libertação Popular fez um bloqueio marítimo e aéreo ‘de facto’ à ilha.
A China suspendeu também o diálogo de alto nível com os EUA em várias matérias, incluindo as de defesa e alterações climáticas.
Os líderes de ambos os países, Joe Biden e Xi Jinping, reuniram-se na semana passada, à margem da cimeira do G20, na ilha indonésia de Bali, para retomar o diálogo, visando evitar que as tensões levem a um confronto bélico.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Pequim considera Taiwan parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso a ilha declare formalmente a independência.