China rejeita existência de “esquadras ilegais” no estrangeiro — incluindo Portugal

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Wang Wenbin, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, defendeu esta quarta-feira que as estruturas “são, na verdade, centros de serviços para chineses no estrangeiro”.

A China rejeitou acusações, feitas por uma organização não-governamental (ONG), de que terá criado meia centena de “centros de serviço policial” em vários países para controlar dissidentes, incluindo em Portugal.

Numa conferência de imprensa regular, Wang Wenbin, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, defendeu esta quarta-feira que as estruturas “são, na verdade, centros de serviços para chineses no estrangeiro”.

Os centros servem para apoiar “um elevado número de cidadãos chineses” que não conseguem regressar à China devido à pandemia de covid-19, por exemplo, na renovação de cartas de condução chinesas, disse Wang.

O porta-voz acrescentou que as autoridades chinesas estão “totalmente comprometidas com o combate aos crimes transnacionais de acordo com a lei, observando de forma rigorosa a lei internacional e respeitando plenamente a soberania judicial de outros países”.

Wang tinha sido questionado sobre uma investigação, anunciada horas antes pelo Governo dos Países Baixos, sobre a alegada criação de duas esquadras de polícia ilegais chinesas em Amesterdão e em Roterdão.

De acordo com a investigação de dois media holandeses, a televisão RTL e o site Follow The Money, existem pelo menos duas esquadras chinesas a operar nos Países Baixos, de forma ilegal.

As esquadras incluem escritórios onde são tratados assuntos como a renovação de cartas de condução, mas que também têm sido usados para intimidar pelo menos um refugiado chinês.

Uma das esquadras encontra-se na capital Amesterdão e funciona desde junho de 2018, embora não fosse até agora do conhecimento das autoridades holandesas. A outra abriu no início deste ano na cidade de Roterdão.

De acordo com os media neerlandeses, as duas alegadas “esquadras chinesas” afirmam oferecer assistência diplomática a cidadãos da China, mas não foram registadas no Governo dos Países Baixos.

Num relatório da Safeguard Defenders, a ONG acusa Pequim de manter meia centena de “centros de serviço policial” em vários países, que terão persuadido 230.000 alegados fugitivos a regressar à China entre abril de 2021 e julho de 2022.

Três dessas “esquadras ilegais”, de acordo com o relatório da instituição, funcionarão em Portugal, com sede em Madrid.

O relatório da Safeguard Defenders foi divulgado em Portugal pelo líder da Iniciativa Liberal (IL) no final de setembro, durante um debate na Assembleia da República.

João Cotrim Figueiredo — que deixa a liderança em dezembro — questionou na altura o primeiro-ministro, perguntando se sabia da existência de tais estruturas da polícia chinesa em Portugal.

António Costa garantiu não ter “nenhum conhecimento” da situação, dizendo que “seguramente os serviços também não têm”, caso contrário, já o teriam informado.

Assim, o primeiro-ministro recomendou a Cotrim de Figueiredo que partilhasse as informações que tem em sua posse com a Procuradoria-Geral da República.

Cotrim de Figueiredo denunciou a situação, notando que a China instalou dezenas de “esquadras informais” para “monitorizar, investigar e repatriar sob coação cidadãos de origem chinesa residentes nesses países”.

“Três dessas esquadras informais estarão instaladas em Portugal, nas regiões de Lisboa, do Porto e da Madeira”, segundo o líder da IL, que apontou que “conduzem atividades ilícitas sem o conhecimento das autoridades portuguesas“.

Alice Carqueja // Lusa

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