China reitera que não participará no diálogo EUA/Rússia para reduzir arsenal atómico

Luong Thai Linh / EPA

O presidente da China, Xi Jinping

A China reiterou, esta quarta-feira, que não entrará nas negociações entre os Estados Unidos e a Rússia para um novo acordo que limite a quantidade de armas nucleares, e acusou Washington de “constituir uma ameaça”.

Pequim alegou que tem muito menos armas atómicas do que aqueles dois países e que, portanto, não deve participar de qualquer negociação multilateral para controlo de armas.

“Não é realista para a China integrar essas negociações, face à grande lacuna que existe”, disse o diretor-geral do Departamento de Controlo de Armas do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Fu Cong, em conferência de imprensa.

“De acordo com as nossas estimativas, os Estados Unidos têm cerca de 6.000 ogivas nucleares, 20 vezes o número das ogivas que a China tem. A diferença é muito grande, em quantidade e sofisticação”, defendeu. “Dizer que a China constitui uma ameaça não tem lógica nenhuma”, disse.

O responsável considerou mesmo “uma piada” os Estados Unidos pedirem a Pequim para participar das negociações. “Trata-se de um pretexto para culpar os outros, para abandonar tratados e livrarem-se de todas as restrições“, assegurou.

Isto não significa que a China queira sair do processo de desnuclearização”, ressalvou Fu, acrescentando que a sua posição é “entendida e apoiada por Moscovo”.

Fu admitiu que a China está a desenvolver mísseis de médio alcance, mas que estes estão no seu território, ao contrário dos Estados Unidos, que os colocam “na porta das traseiras de outros países”.

“Washington está constantemente a expandir e a atualizar os seus arsenais nucleares e sistemas de defesa, seja no espaço ou nas proximidades da China. Estamos muito preocupados com essa expansão, incluindo no Mar do Sul da China. Consideramos que se trata de uma ameaça”, disse.

O responsável lembrou que a China “adota sempre a política de dissuasão mínima, e de não agredir primeiro”, mas que não significa que o país não deva modernizar os seus sistemas de defesa.

Os Estados Unidos anunciaram novos contactos com a Rússia, em junho passado, para renegociar o mais recente acordo de controlo de armas nucleares em vigor entre as duas potências, embora insistisse em incluir a China no processo.

Moscovo prefere falar em “negociações multilaterais”, o que significaria também incluir a França e o Reino Unido, as outras duas declaradas potências nucleares. A próxima reunião, a ser realizada novamente na capital austríaca, depende dos progressos realizados pelas delegações a nível técnico nas próximas semanas.

Atualmente, os Estados Unidos e a Rússia controlam 90% de todas as armas nucleares que existem no planeta. O novo START, sigla em inglês para Tratado de Redução de Armas Estratégicas, que foi assinado em 2010, limita o número de armas nucleares estratégicas, para um máximo de 1.550 ogivas nucleares e 700 sistemas balísticos para cada uma das duas potências, na terra, mar ou ar.

ZAP // Lusa

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