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Chelsea 0-1 FC Porto | Adeus com sentimento de injustiça

Cristina Quicler / AFP

Difícil de lidar. O Porto mostrou capacidade para afastar o poderoso Chelsea nos quartos-de-final da Liga dos Campeões, mas ficou a um golo de levar a eliminatória para prolongamento, acabando afastado.

Após a derrota por 2-0 na primeira mão, os “dragões” tinham uma tarefa hercúlea pela frente e, em Sevilha, casa “emprestada” dos londrinos, foram bem melhores, criaram as melhores ocasiões e marcaram um golo – e que golo, para ver e rever -, por Mehdi Taremi. Um tento que chegou tarde, já nos descontos.

O jogo explicado em números

  • Sem surpresa, Sérgio Conceição aproveitou a disponibilidade de Sérgio Oliveira para lançar o médio, com o treinador portista a apostar num único avançado, Moussa Marega, reforçando o “miolo” com a manutenção de Matheus Uribe e Marko Grujic. Do lado inglês, Thomas Tuchel lançou Thiago Silva, N’Golo Kanté e Christian Pulisic para os lugares deAndreas Christensen, Mateo Kovacic e Timo Werner, em relação ao embate da primeira mão.
  • O Porto entrou muito bem no jogo, com pressão sobre a defesa inglesa, mais bola e lances junto à baliza de Édouard Mendy. O guardião francês esteve mesmo no primeiro grande lance de perigo, aos 11 minutos, ao colocar a bola nos pés de Jesús Corona, que por pouco não abriu o activo. Ao primeiro quarto-de-hora o “dragão” tinha 54% de posse, as únicas acções com bola na área contrária (5), com as duas formações a somarem um remate cada, desenquadrados.
  • O domínio do encontro continuava a ser portista chegada a meia-hora, mas o Chelsea começava a colocar muitos jogadores em situações de contra-ataque rápido, por vezes em superioridade numérica, mas sem definir bem os lances. Porém, mostravam que o Porto não podia descurar a defesa, nem colocar demasiados jogadores em situação de ataque. Nesta fase os “blues” registavam três remates, contra dois dos portugueses, ainda não havia disparos enquadrados.
  • Perante o bom jogo dos “azuis-e-brancos”, Jorginho destacava-se com o melhor rating, devido ao seu trabalho defensivo, com um 6.6, em grande medida devido às cinco recuperações de posse e outros tantos desarmes. O melhor do Porto era Chancel Mbemba, com 5.7, em especial pelo passe, com 100% de eficácia (em 27 entregas), entre eles oito progressivos certos.
  • Intervalo Sem complexos e cheio de crença. O “dragão” entrou em campo para dominar e procurar o golo, que lhe permitisse a reviravolta na eliminatória. Nos primeiros 45 minutos teve mais bola, rematou mais e, acima de tudo, conseguiu entrar na área do Chelsea de uma forma que os ingleses não faziam do outro lado – com o triplo das acções com bola. O melhor em campo ao intervalo era Jorginho, com GoalPoint Rating de 6.6, já com incríveis sete desarmes, enquanto do lado portista era Mbemba o melhor, com 6.3, fruto de oito recuperações de posse e 92% de eficácia de passe.
  • Grande entrada do Porto na segunda parte, a asfixiar por completo um Chelsea encolhido e sem capacidade para sair a jogar em transições. Mas aos poucos, os homens “da casa” foram melhorando as marcações, com zonas de pressão mais altas, pelo que os londrinos chegaram à hora de jogo com 60% de posse de bola no segundo tempo e mais um remate que o Porto (2-1). Mas enquadrados ainda nem vê-los.
  • O primeiro disparo em direcção à baliza pertenceu ao Porto e ao recém-entrado Mehdi Taremi, que cabeceou para defesa de Mendy após cruzamento de Corona na direita. Mas a verdade é que os portistas tinham bola, estavam seguros e não deixavam os “blues” criar perigo, e aos 70 minutos tinham 52% de posse no segundo tempo e um total de sete remates contra seis, 20 acções com bola na área contrária contra oito e mantinham a esperança.
  • O Porto terminou o jogo em cima do seu adversário, a atacar, com inúmeros cantos e bolas colocadas na área, mas o Chelsea mostrou-se sempre muito sólido defensivamente, com mais de 60% dos duelos aéreos defensivos ganhos, pelo que acabou por ser vã a superioridade portista, que mostrou neste jogo não ser em nada inferior ao “tubarão” da Premier League.
  • Nada melhor para o demonstrar do que marcar um golo e ganhar o jogo. No último minuto dos descontos, Nanu cruzou da direita e Taremi fez um golo fenomenal, candidato a prémio Puskas, num pontapé de bicicleta perfeito que ainda deixou as emoções em suspenso até final. Mas já veio tarde.

O melhor em campo GoalPoint

O Porto foi melhor que o Chelsea, mas os ingleses não deixaram de atacar. Só que criaram pouco perigo, muito por culpa de Chancel Mbemba. O congolês foi o melhor em campo, com um GoalPoint Rating de 7.1. O central esteve impecável no passe, terminando com 90% de eficácia, completou dez de 11 passes longos, fez 15 passes progressivos certos, e na retaguarda somou 11 recuperações de posse, máximo do jogo a par de Jorginho, e ganhou três de cinco duelos aéreos defensivos.

Jogadores em foco

  • Matheus Uribe 6.5 – Importantíssimo o trabalho do colombiano no meio-campo. Uribe trabalhou muito e registou dez recuperações de posse, além de quatro desarmes. No passe esteve muito bem, com 86% de eficácia, e fez dois remates, ambos desenquadrados.
  • Jorginho 6.4 – O melhor entre os londrinos. O internacional italiano, nascido no Brasil, foi dos primeiros a compreender a necessidade de defender perante a pressão do Porto e terminou o jogo com 11 recuperações de posse e incríveis 18 acções defensivas, com destaque absoluto para oito desarmes e três bloqueios de passe. Com o máximo de acções com bola (97), fez ainda cinco passes ofensivos valiosos.
  • Otávio 6.4 – Mais um brilhante jogo do brasileiro que, com os dois que realizou, tornou-se no jogador com mais desarmes (24) nesta edição da Champions. Além disso, Otávio fez seis passes ofensivos valiosos, máximo da partida, e ganhou dois de cinco duelos aéreos defensivos.
  • Antonio Rüdiger 6.1 – O central foi uma autêntica parede para as investidas portistas. O alemão ganhou sete de nove duelos aéreos defensivos, fez dez alívios e três bloqueios de passe/cruzamento.
  • Mehdi Taremi 6.0 – Que golo do iraniano. Taremi fez aquele que será, certamente, concorrente a golo do ano, pelo menos da Liga dos Campeões. Na cerca de meia-hora em campo, o atacante rematou duas vezes, enquadrou ambas, e somou três acções com bola na área contrária.
  • Marko Grujic 5.9 – O sérvio guardou para a recta final da época os seus melhores recursos e foi importantíssimo nos equilíbrios portistas e na luta do meio-campo. O médio participou em três duelos aéreos defensivos e ganhou-os todos, e esteve em sete ofensivos, vencendo seis. E ainda recuperou seis vezes a posse de bola e realizou quatro passes ofensivos valiosos.

 

Resumo

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