Os ex-candidatos democratas Beto O’Rourke, Pete Buttigieg e Amy Klobuchar anunciaram, esta segunda-feira, o apoio ao ex-vice-Presidente norte-americano.
“Vou votar em Joe Biden”, anunciou Beto O’Rourke ao lado de Joe Biden, num comício do ex-vice-Presidente de Barack Obama, em Dallas, no estado do Texas, depois da senadora Amy Klobuchar e do antigo autarca Pete Buttigieg terem também demonstrado publicamente o seu apoio.
O’Rourke foi um dos primeiros a abandonar a candidatura à Casa Branca, no ano passado, depois de não ter conseguido recuperar o entusiasmo, o interesse e os fundos arrecadados aquando da candidatura ao Senado em 2018. Buttigieg suspendeu a campanha no domingo, enquanto Klobuchar abandonou a corrida esta segunda-feira.
“Estou muito satisfeito por apoiar a candidatura de Joe Biden”, afirmou o antigo mayor de South Bend (Indiana) e primeiro candidato presidencial dos Estados Unidos assumidamente homossexual.
“Estou à procura de um Presidente que traga o melhor de nós e encorajo todos os que participaram na minha campanha a juntarem-se a mim porque encontrámos esse líder na pessoa do vice-Presidente, em breve Presidente”, disse, ao lado de Biden, em Dallas.
Na intervenção, o ex-vice de Obama elogiou “um homem de grande integridade” e garantiu que não tinha pedido ao jovem democrata de 38 anos o seu apoio.
“Quer tenham apoiado Pete, Amy, Beto ou qualquer outro candidato nesta corrida, saibam que existe um lar para vocês na nossa campanha. Farei tudo o que puder para ganhar o vosso voto”, escreveu Biden, na sua conta do Facebook.
Estes anúncios surgiram quando os candidatos à nomeação democrata para a Casa Branca se preparam para se enfrentar hoje na chamada “Super Tuesday”, quando 15 estados e territórios votam para escolher um terço dos delegados que vai escolher o adversário do Presidente dos Estados Unidos.
Em jogo nesta “super terça-feira”, que pode ser decisiva para o desfecho final das primárias do Partido Democrata, estão 1344 delegados, cerca de um terço dos 3979 nomes que decidirão quem vai ser o adversário de Donald Trump nas eleições de novembro.
Depois de conhecidos os resultados da votação na Carolina do Sul, no sábado, alguns dos principais nomes, como Pete Buttigieg e Tom Steyer, abandonaram a corrida, deixando o grupo de candidatos mais bem posicionados nas sondagens reduzido a quatro nomes: Bernie Sanders, Joe Biden, Elizabeth Warren e Michael Bloomberg.
A vitória de Biden na Carolina do Sul deu-lhe uma dose de confiança extra e mostrou a eficácia política do candidato em estados com um eleitorado muito diverso, nomeadamente com forte presença de eleitores afro-americanos.
Estes eleitores afro-americanos são um nicho importante nas primárias democratas já que, por tradição, concentram os votos num único candidato preferencial e, este ano, pelo constatado na Carolina do Sul (onde 53% do eleitorado era afro-americano), esse candidato é Joe Biden.
Por isso, Biden tem insistido tanto na proximidade a Barack Obama, repetindo várias vezes a sua identificação com o perfil do ex-Presidente.
“Não podemos ganhar todas. Já ganhámos as eleições no Iowa, New Hampshire e Nevada. Desta vez perdemos, mas não perdemos a confiança”, disse o senador Bernie Sanders que, apesar de ter ficado em segundo lugar na Carolina do Sul, mantém uma confortável vantagem sobre os adversários.
As sondagens indicam que, nas primárias desta terça-feira, Sanders continua a ser o candidato mais bem posicionado para vencer os estados com maior número de delegados: Califórnia e Texas.
Elizabeth Warren deposita confiança no resultado na Califórnia, o seu estado natal, onde investiu grande parte do seu dinheiro de campanha, em ações no terreno e tempo de antena.
Warren e Sanders estão próximos ideologicamente, com posições mais progressistas e radicais, deixando Biden como o candidato com maior capacidade de apelar ao eleitorado moderado, o que pode ser importante num estado mais conservador como o Texas.
Uma incógnita nesta “Super Tuesday” será o resultado do bilionário Michael Bloomberg, que se apresenta nos boletins de voto pela primeira vez, tendo abdicado das primeiras primárias, após uma entrada tardia na campanha eleitoral.
Bloomberg foi, por isso, o único candidato a ter feito ações junto dos eleitores em todos os 14 estados e um território que estão hoje em disputa, para além dos mais de 400 milhões de euros que gastou, da sua imensa fortuna pessoal estimada em mais de 50 mil milhões de euros, em tempos de antena.
O ex-presidente da Câmara de Nova Iorque participou nos dois mais recentes debates televisivos e foi alvo de fortes críticas por parte dos seus adversários, especialmente pelas acusações de comportamento impróprio no seu relacionamento com mulheres nas empresas que dirige, uma matéria sensível nesta campanha democrata.
Apesar de esta ser uma das principais fases, ainda irão ocorrer eleições primárias até junho, sendo que a convenção democrata só se realiza em julho.
ZAP // Lusa