Uma antiga cerimónia pode revelar mistérios que têm intrigado cientistas relativamente ao sítio arqueológico de Qumran, onde foram encontrados os Manuscritos do Mar Morto.
Uma cerimónia religiosa mística descrita em vários Manuscritos do Mar Morto e num documento medieval do Cairo Genizah, numa coleção de manuscritos judeus antigos descobertos na capital egípcia no século XIX, pode conter a chave para a compreensão dos mistérios do sítio arqueológico de Qumran.
Os Manuscritos do Mar Morto são uma coleção de centenas de textos e fragmentos de texto encontrados em cavernas de Qumran, no Mar Morto, no fim da década de 1940 e durante a década de 1950.
Compilados por uma doutrina de judeus conhecida como Essénios, são de longe a versão mais antiga do texto bíblico, sendo datados de mil anos antes do que o texto original da Bíblia Hebraica, usado atualmente pelos judeus.
“E todos os habitantes dos campos se reunirão no terceiro mês e amaldiçoarão qualquer um que se mova ou para a direita ou para a esquerda da Tora [livro sagrado do Judaísmo]”, lê-se num excerto dos Manuscritos do Mar Morto.
Daniel Vainstub, investigador da Universidade Ben-Gurion do Negev, explica que o Qumran estava intimamente ligado aos Essénios, mas em vez de um assentamento permanente do grupo, era o local onde todos os seus membros e candidatos se reuniam com comunidades de todo o país para realizar a celebração anual da “passagem do pacto”.
“O local de Qumran, com as suas instalações, grutas e superfícies, está em concordância com as evidências do encontro anual que aparece nos pergaminhos. Nenhum outro local conhecido é adequado para tal fim”, acrescentou Vainstub, citado pelo The Jerusalem Post.
A ausência de habitações privadas no meio de vários edifícios públicos e a presença de milhares de vasos de cerâmica num local que tinha no máximo algumas dezenas de moradores são alguns dos mistérios solucionados na hipótese apresentada pelo investigador israelita.
As pessoas que se deslocavam até lá não precisavam de casas, já que dormiam do lado de fora ou numa das inúmeras cavernas da zona, onde milénios depois os manuscritos que vieram a ser conhecidos como Manuscritos do Mar Morto seriam encontrados.
O especialista sugere ainda que o Qumran foi construído especialmente para imensas reuniões anuais, nas quais provavelmente participavam os Essénios.