Análise da Universidade de Coimbra: a estimulação do cerebelo durante o envelhecimento tem impacto na melhoria da memória episódica.
Um estudo liderado por um professor da Universidade de Coimbra reforçou a ideia que a estimulação do cerebelo melhora a memória dos idosos.
O estudo, publicado na revista GeroScience, foi liderado pelo docente e investigador da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, Jorge Almeida.
Contou com psicólogos, médicos e engenheiros das universidades de Coimbra, São Paulo (Brasil) e Harvard (EUA).
Participaram pessoas saudáveis, com mais de 60 anos, que foram sujeitas a um treino cognitivo e a uma técnica de estimulação neuronal indolor (a neuroestimulação transcraniana por corrente directa).
O estudo mostrou que a estimulação do cerebelo melhora a memória episódica – a capacidade de recordar histórias e acções do quotidiano, e não o que aconteceu há anos ou décadas.
Bastaram 12 sessões consecutivas de estimulação cognitiva e neuronal para os idosos conseguirem lembrar melhor listas de palavras, contou Jorge Almeida.
Quem teve o cerebelo conseguiu recordar, em média, mais 4 palavras do que os outros participantes.
Além das melhorias na memória, houve alterações a nível neuronal na ligação entre as áreas responsáveis pela memória – ou seja, o efeito da estimulação do cerebelo foi também visível nas estruturas neuronais que suportam a memória episódica, fortificando as suas conexões.
Estas melhorias foram registadas logo após o programa de intervenção e continuaram estáveis no controlo realizado 4 meses depois.
Esta investigação reforça o papel do cerebelo (zona do cérebro), que consegue atrasar o declínio cognitivo associado ao envelhecimento, reforçando a importância de intervenções não farmacológicas nesta prevenção.