Casas mais quentes. Corações e cérebros mais saudáveis

Um estudo conduzido no Japão permitiu concluir que atualizar o isolamento das casas é um método económico para reduzir o risco de doenças cardiovasculares.

Durante o inverno, as temperaturas frias podem aumentar a pressão arterial, causar hipertensão e aumentar o risco de doenças cardiovasculares.

O isolamento e o aquecimento podem ajudar a manter as casas quentes mas a sua instalação e manutenção são muito caros, pelo que identificar a estratégia de isolamento mais económica pode ajudar a manter as casas aquecidas, prevenir doenças e salvar vidas.

Neste sentido, uma equipa de investigadores liderada por Wataru Umishio, do Instituto de Ciência de Tóquio, analisou a relação custo-benefício de viver em casas quentes bem isoladas para prevenir doenças cardiovasculares, comparando casas japonesas com diferentes níveis de isolamento térmico e temperatura interna.

“No Japão, mais de 90% das casas têm temperaturas internas abaixo dos 18°C, que é o nível recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Como os idosos são mais vulneráveis a baixas temperaturas e correm maior risco, há uma necessidade urgente de abordar estas questões”, justificou o investigador, citado pelo EurekAlert.

Munidos de inúmeros dados, os cientistas desenvolveram um modelo económico para explorar a relação entre a temperatura interna, a pressão arterial e o risco de doenças cardiovasculares. Com esse modelo, os especialistas criaram cinco cenários domésticos distintos.

O cenário base representava uma casa típica no Japão com menor isolamento e uma temperatura interna de 15°C. Já os cenários 1-1 e 1-2 focavam-se na atualização do isolamento ao comprar novas casas aos 40 anos, com graus de isolamento a variar de moderado (Grau 4, 18ºC) a alto (Grau 6, 21°C).

Os outros dois cenários (2-1 e 2-2) serviram para analisar a adaptação de casas mais antigas com melhorias de isolamento semelhantes aos 60 anos.

A equipa conduziu várias simulações para analisar os custos vitalícios de isolamento, aquecimento e tratamentos médicos para hipertensão e doenças cardiovasculares, medindo também a expectativa de vida saudável usando anos de vida ajustados pela qualidade (QALYs).

Para os cenários de atualização do isolamento, os custos ao longo da vida aumentaram 0,26 milhões de ienes para o cenário 1-1 e 0,84 milhões de ienes para o cenário 1-2 em comparação com o cenário de base.

Isto significa que 74,1% e 57,9% dos custos de isolamento foram recuperados, principalmente devido à redução das despesas médicas.

Além disso, a expectativa de vida saudável para casais aumentou 0,31 QALYs no cenário 1-1 e 0,48 QALYs no cenário 1-2. Como resultado, a relação custo-efetividade incremental indicou que os benefícios de saúde obtidos justificam os custos de atualização.

“Estas descobertas vão ajudar a tomar decisões informadas sobre melhorias na saúde e na habitação e vão incentivar o uso de casas bem isoladas, contribuindo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 3, 10, 11 e 13, que se concentram na saúde, redução das desigualdades, cidades sustentáveis e ação climática”, sustentou o investigador.

O artigo científico, publicado na BMJ Public Health, pode abrir caminho para um futuro em que a habitação saudável é priorizada para prevenir riscos para a saúde relacionados com o inverno.

ZAP //

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