“Foi a primeira opção”. Casal vive há mais de um mês no Aeroporto Francisco Sá Carneiro

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Manuel de Sousa / Wikimedia

Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto

Casal pernoita no terceiro piso do aeroporto, recorrendo às casas de banho para fazer a sua higiene pessoal.

O famoso caso do iraniano que viveu 18 anos num aeroporto (e que morreu recentemente) repete-se. Desta vez, bem mais perto de nós.

Um casal com idades compreendidas entre os 43 e os 45 anos vive desde o dia 13 de dezembro no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto.

A situação foi motivada pela morte da avó de Irina Freitas, proprietária da casa onde viviam.

O processo de partilhas entre os herdeiros determinou a saída do casal da habitação, deixando os dois elementos numa situação de grande vulnerabilidade social — já que também não detém qualquer apoio de familiares ou amigos.

Ao Jornal de Notícias relataram que esta “foi a primeira opção” que lhes ocorreu. “Dormirmos na rua estava fora de questão e aqui sempre é mais quentinho”, descreveu Bruno Vasconcelos à mesma fonte.

O seu “aqui” é um cantinho mais resguardado da zona de partidas do Aeroporto, no terceiro andar do edifício. “A partir da meia-noite, as luzes são apagadas e o ambiente fica sossegado. Para além de que aqui nos sentimos seguros“, garantiu a mulher.

No que respeita à higiene pessoal, o casal recorre às casas de banho do aeroporto, remediando “como podem”, já que nesta altura do ano a água é especialmente “fria”. Para além das baixas temperaturas, também as festas de fim de ano foram especialmente difíceis, face à ausência de condições.

“Foram dias de muito choro, de muita tristeza, mas há que levantar a cabeça e acreditar que tudo vai melhorar”, descreveu Bruno.

Prova de que o otimismo e a esperança se mantêm no casal é o facto de os dois não baixarem os braços na procura de emprego, processo que é feito através da rede móvel do aeroporto.

O homem garante estar disponível para fazer “qualquer coisa seja onde for”. mas, para já  “não apareceu nada em concreto”, lamentou.

Enquanto a situação não se altera, tudo o que têm está guardado numa mala de viagem vermelha. No seu interior estão sobretudo roupas e documentos.

Apesar de contarem com a solidariedade de muitos passageiros, o casal admite que já houve dias em que passou fome.

A sua expectativa é que a procura por novos empregos dê frutos rapidamente, de forma a conseguirem estabilizar a vida, junto dos filhos, de preferência.

ZAP //

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3 Comments

  1. Há muito trabalho em Portugal. Não conheço em concreto as competências, conhecimentos, etc destas pessoas, mas há muita carência de mão-de-obra, até mesmo em funções indiferenciadas em Portugal. E atenção, Não é só nas grandes cidades do litoral. No interior também há falta de pessoal. E o custo de vida é muito mais acessível (alimentação, casa, etc).
    800 euros em Viseu, Castelo Branco, Guarda, Bragança… permitem um nível de vida que o mesmo dinheiro nunca permitirá em Lisboa, Porto,…

  2. Sem casa. Sem trabalho. Se não forem Portugueses e/ou brancos, não faltam ajudas. De partidos políticos, a ONGs e aos habituais benfeitores anónimos de minorias, tudo aparece. Se forem Portugueses e/ou brancos, amanhem-se!

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