Carruagens compradas pela CP à espanhola Renfe vão ter espaço para bicicletas

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Nuno Morão / Wikimedia

As 51 carruagens que a CP – Comboios de Portugal vai comprar à espanhola Renfe por 1,6 milhões de euros permitirão o transporte de bicicletas, revelou o ministro Pedro Nuno Santos, garantindo que serão gastos entre 30 mil e 150 mil euros, no máximo, adaptar cada uma.

“Precisamos de que o material circulante que é usado de forma crescente em Portugal possa casar com a utilização da bicicleta. Por isso é que nas alterações que vão ser feitas nestas carruagens, elas vão ter espaço para que os passageiros que se movimentam de bicicleta possam colocar a sua bicicleta na carruagem”, garantiu o ministro das Infraestruturas e da Habitação, a partir das oficinas da CP em Guifões, em Matosinhos.

“Se conseguirmos que, de uma vez por todas, os comboios, sejam eles regionais, de longo curso ou urbanos, tenham espaço para guardarmos as nossas bicicletas, estamos a dar um contributo muito importante para uma vida mais sustentável”, disse, em declarações transmitidas pela RTP3, citado pelo ECO.

Sobre a TAP, recusou falar: “Podem tentar, sobre a TAP direi zero”. “Sistematicamente, vamos desvalorizando a importância da ferrovia no país. Transporta Portugal inteiro”, disse, garantindo que a ferrovia é “imbatível” do “ponto de vista ambiental”.

“A aquisição de material circulante disponível em Espanha faz parte de um esforço de curto prazo para fazer face às necessidades dos portugueses. A CP com 1,65 milhões de euros comprou 51 carruagens [usadas] que novas custariam [cada uma] mais de um milhão de euros”, destacou, acrescentando que o investimento total, contando com a requalificação, poderá rondar os sete a oito milhões de euros.

As carruagens vão estar ao serviço das linhas de intercidades e regionais, podendo circular a 200 quilómetros por hora, com as primeiras, destinadas à Linha do Minho, a estar em funcionamento entre dezembro e janeiro.

O presidente da CP, Nuno Freitas, informou que 18 das 51 carruagens já se encontram em Guifões, três “chegam ainda hoje” [segunda-feira] e as restantes “muito em breve”.

António Cotrim / Lusa

O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos

“Constitui um aumento de 50% do parque que pode ser destinado ao intercidades. Pode-se dizer o que se quiser, mas nos últimos anos, nomeadamente no último ano, fez-se aquilo na ferrovia que não se fez durante décadas. O país precisa de material circulante novo. Não abdicamos de lançar concurso. Mas demora alguns anos e não podemos ficar à espera”, referiu Pedro Nuno Santos.

E continuou: “Num momento em que ouvimos grandes valores em outras empresas e passamos por dificuldades, a CP que é uma empresa que merece muito mais do país do que aquilo que tem recebido está a fazer um trabalho excecional. Estamos disponíveis para ensinar outros Estados estrangeiros, mas também privados a fazer bons negócios”.

Portugal quer lançar concursos para material circulante

Pedro Nuno Santos avançou ainda que Portugal está a trabalhar no lançamento de concursos para comprar material circulante para a ferrovia nacional, admitindo que a situação atual é “grave”, mas sem adiantar datas, noticiou a agência Lusa.

“Estamos a fazer um grande trabalho de requalificação do que estava encostado, compramos estas [51 carruagens usadas à espanhola Renfe], mas não tenhamos ilusões. Portugal é um país com um parque ferroviário muito antigo e precisamos de lançar concurso para comprar material novo. Mas vai demorar”, sublinhou.

O governante disse que a aposta em compra de material “é imprescindível”, não tendo adiantado datas. “Daqui a alguns anos a situação agrava-se. Temos comboios com 70 anos a circular em Portugal na linha de Cascais, por exemplo”, referiu.

Pedro Nuno Santos respondia à pergunta sobre se Portugal está preparado, ao nível dos transportes, para a pressão que a pandemia da covid-19 está a criar progressivamente com mais pessoas a recorrer aos comboios e metropolitanos à medida que as medidas de desconfinamento vão sendo alargadas, tendo admitido que “a maior pressão está nos grandes centros urbanos, como Lisboa e do Porto”.

“A situação só ainda não é mais grave porque ainda temos uma grande percentagem de pessoas que não está a trabalhar ou porque está em ‘lay-off’ ou porque as escolas estão fechadas (…). Temos consciência de que os problemas que existiam antes da covid existem e serão intensificados, mas não tenhamos ilusões que este [material] não vai dar resposta e só temos duas soluções que têm de ser feitas em simultâneo. Investir na infraestrutura, nomeadamente na linha de Sintra, com duplicação entre Areeiro e Oriente. E compra de comboios novos”, sintetizou.

ZAP //

2 Comments

  1. Para quem dizia que ia gastar dinheiro em comboios novos, entretanto carroagens… E por fim acabou por comprar socata usada aos espanhóis e por alugar comboios aos espanhóis…. Da vontade de dizer que aqui ao lado são bem mais espertos do que nos.

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