Um cardápio metabólico variado pode sustentar uma comunidade microbiana potencialmente diversa no oceano de Encélado, a sexta maior lua de Saturno e um dos corpos mais promissores para a procura de vida além da Terra.
Cientistas do Southwest Research Institute (SwRI), sediado no estado norte-americano do Texas, avançaram com esta hipótese depois de terem modelado processos químicos no oceano subterrâneo de água líquida de Encélado, recorrendo a dados da já “aposentada” sonda Cassini da agência espacial norte-americana (NASA).
Em comunicado, a equipa explica que antes de sair de órbita, em setembro de 2017, Cassini encontrou hidrogénio molecular – uma potencial fonte de alimentos para micróbios – a sair das fendas da superfície gelada da lua de Saturno.
A nova investigação, cujos resultados foram esta semana publicados na revista científica Icarus, procurou explorar outras eventuais fontes de energia.
“Questionamos se outros tipos de vias metabólicas também poderiam fornecer fontes de energia no oceano de Encélado”, começou por explicar Christine Ray, autora principal do estudo, que trabalha em part-time no SwRI enquanto completa o seu doutoramento em Física pela Universidade do Texas.
“Como exigiria um conjunto de diferentes oxidantes que ainda não detetamos na pluma de Encélado, recorremos à modelagem química para determinar se as condições no oceano e no núcleo rochoso [da lua] poderiam suportar esses processos químicos”, continuou.
De acordo com Ray, os resultados da modelagem química foram promissores.
“Comparamos as nossas estimativas de energia livre com os ecossistema da Terra e determinamos que, de forma geral, os nossos valores para os metabolismos aeróbio e anaeróbio cumprem ou excedem os requisitos mínimos“.
“Estes resultados indicam que a produção de oxidante e a química de oxidação podem contribuir para apoiar a eventual existência de vida e uma comunidade microbiana metabolicamente diversa em Encélado”, concretizou.
A comunidade científica, e os astrobiólogos em particular, há muito que olham para Encélado, um dos mundos mais promissores para encontrar vida.
A nova investigação dá força a outras anteriormente publicadas que destacam as condições potencialmente favoráveis à existência de vida neste satélite natural: há estudos que frisam que o seu oceano líquido pode ser um “banquete” para a vida extraterrestre, havendo outros que referem que este mundo tem a idade perfeita para ser habitável.
“Este novo estudo é mais um passo para entender como é que uma pequena lua pode sustentar vida de formas que excedem completamente as nossas expectativas!“, rematou a autora principal do estudo.