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Capital das tempestades, Júpiter tem relâmpagos bizarros e chuva “mole” nunca antes vista

Com tempestades constantemente a devastar a sua superfície e uma Grande Mancha Vermelha que se agita há séculos, Júpiter é conhecido como a “capital das tempestades do Sistema Solar”. Agora, a missão Juno, da NASA, descobriu duas novas peculiaridades destas estranhas tempestades.

Durante décadas, relâmpagos têm sido constantemente observados nas nuvens coloridas que giram em torno de Júpiter, com muitos deles a assemelhar-se àqueles que acontecem no nosso planeta.

Assim, os relâmpagos deveriam ser produzidos nas nuvens onde a água pode ser encontrada simultaneamente nas suas formas sólida, líquida e gasosa. No caso de Júpiter, essa região localiza-se entre 45 e 65 quilómetros por baixo das nuvens vísiveis, o que resulta em manchas brilhantes projetadas no topo das nuvens.

Porém, agora, a missão Juno, da NASA, detetou um fenómeno diferente no lado negro do planeta. A sonda observou relâmpagos pequenos e superficiais em nuvens em altitudes muito mais altas do que o esperado. Os clarões foram vistos 55 quilómetros mais altos do que as nuvens de água na atmosfera de Júpiter, onde as temperaturas caem para cerca de -88°C – o que é demasiado frio para água líquida.

Os investigadores sugerem um mecanismo que poderia explicar esse raio superficial. As poderosas tempestades lançam cristais de gelo para a atmosfera, onde encontram vapor de amoníaco. Isso derrete o gelo, criando uma nuvem de amoníaco e vapor de água.

“Nessas altitudes, o amoníaco atua como um anticongelante, baixando o ponto de derretimento da água gelada e permitindo a formação de uma nuvem com líquido amoníaco-água”, explicou Heidi Becker, do Instituto de Tecnologia da Califórnia e autora principal de um dos novos estudos, citada pelo New Atlas. “As gotas de amoníaco-água líquido podem colidir com os cristais de gelo de água e eletrificar as nuvens. Isto foi uma grande surpresa, já que nuvens de amoníaco-água não existem na Terra.”

Este mecanismo tem outro efeito colateral estranho no clima: granizo derretido ao qual a equipa de cientistas chama de “bolas moles”. Nessas alturas, pode formar-se uma crosta de gelo em torno de gotículas de amoníaco-água e, à medida que ficam mais pesadas, caem como granizo. Conforme a temperatura sobe nessas altitudes mais baixas, as “bolas moles” voltam a evaporar para amoníaco e vapor de água para começar o processo novamente.

A equipa afirma que este mecanismo também ajuda a explicar outro mistério de longa data de Júpiter – onde está todo o amoníaco. A quantidade do material parece mudar em diferentes pontos da atmosfera e os astrónomos não sabiam porquê. Agora, sabe-se que as “bolas moles” podem levá-lo para as profundezas da atmosfera de Júpiter.

“Combinar estes dois resultados foi fundamental para resolver o mistério da falta de amoníaco de Júpiter”, disse Scott Bolton, investigador principal da missão Juno no Instituto de Investigação do Southwest e co-autor de um dos novos estudos. “Acontece que o amoníaco não está desaparecido, apenas é transportado disfarçado, tendo-se escondido ao misturar-se com água. A solução é muito simples e elegante com esta teoria: quando a água e o amoníaco estão num estado líquido, são invisíveis para nós até que atinjam uma profundidade onde evaporam”.

A investigação foi publicada este mês em dois estudos: um sobre os relâmpagos superficiais que foi publicado na revista científica Nature e outro sobre as “bolas moles” na revista científica Journal of Geophysical Research: Planets.

ZAP //

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