Candidato da CDU julgado por ameaçar de morte líder dos ucranianos em Portugal

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Pavlo Sadokha, líder da Associação dos Ucranianos em Portugal

Pavlo Sadokha, líder da Associação dos Ucranianos em Portugal

“Arguido disse a Pavlo Sadokha que devia parar com as mensagens de ódio contra os russos e abandonar de imediato Portugal. Se não o fizesse, iria matá-lo”. Chamadas, imagens e vídeos violentos terão durado meses.

Fernando Bulhões da Câmara — candidato da CDU às eleições autárquicas de setembro de 2021 — enfrenta um julgamento por crime de coação na forma tentada e outro de perseguição cometidos contra o líder da Associação dos Ucranianos em Portugal, Pavlo Sadokha.

Segundo o Correio da Manhã, as ameaças vindas do número dois da lista da coligação para a Câmara de Vila Franca do Campo, na ilha de São Miguel, nos Açores, começaram a chegar depois de o representante da comunidade ucraniana ter denunciado ao Serviço de Informações da República Portuguesa que organizações não governamentais com ligações à embaixada russa estavam atuar em Portugal como se fossem ucranianas.

“O arguido disse a Pavlo Sadokha que devia parar com as mensagens de ódio contra os russos e abandonar de imediato Portugal e que se não o fizesse, iria matá-lo”, lê-se na acusação do Ministério Público, que pede uma pena que pode atingir um máximo de três anos de prisão subsidiária para o antigo militar de 77 anos.

As chamadas de perseguição — alegadamente acompanhadas de ameaças, imagens e vídeos violentos — ter-se-ão prolongado de abril a setembro de 2022 com Bulhões da Câmara a chegar a ligar para o local de trabalho do ucraniano. No entanto garante, ao Correio da Manhã, que não ameaçou ninguém e que se limitou a contactar a Associação dos Ucranianos em Portugal.

O ex-comando, que foi casado com uma portuguesa nascida na Ucrânia soviética, afirma que Sadokha “tem vindo a desenvolver atividades criminosas em Portugal” e que será certamente julgado por crimes de difusão de ideologia nazi” e sublinha ainda: “não sou criminoso, tenho o direito de desmascarar este senhor”.

Em declarações ao ZAP, Fernando Bulhões da Câmara esclarece que “não sou comunista, nem nunca tive cartão do PCP. O único cartão que tive foi o do PRD de Ramalho Eanes”.

“Acontece que pessoas que eu considero muito sérias vieram ter comigo a pedir-me se podia integrar a lista de Vila Franca do Campo”, esclarece o ex-candidato do PRD à Assembleia da República, em 1991. “Aceitei, com uma condição: escrevam que sou um candidato independente”.

“Fui um candidato independente, e fiz questão disso”, nota o antigo militar.

Sou um socialista, humanista, panteísta, a favor de um estado forte, sou antifascista e antinazi”, realça Bulhões da Câmara. “A Constituição é para cumprir, e infelizmente há quem não cumpra”.

ZAP //

19 Comments

  1. Luísa20, Nazis? Não na Ucrânia onde as eleições foram democráticas e fiscalizadas por observadores imparciais e onde elegeram com mais de 70% dos votos um presidente judeu, Zelensky e onde os partidos de extrema-direita não conseguiram assento Parlamentar. Não no exécito onde o ministro da Defesa é um tártaro da Crimeia com provas dadas e o tão falado Batalhão Azov foi purgado dos elementos de extrema-direita e agora até militares gays tem. Acusar os Ucranianos diz mais de si do que sobre os Ucranianos porque a Luísa20 subscreve a retórica de Putin.

  2. Esta Luísa20 é o exemplo perfeito de quem não vê nada… uma profunda invisual. Dizer que isto é um conflito entre nazis e comunistas é quase o mesmo que dizer que o conflito israelo-palestiniano é entre hindus e budistas…

  3. Acho que na Europa somos o único pais com um partido comunista. A continuar assim vai pelo caminho do CDS.
    Ficaram parados no tempo. Defendem ditaduras. Assim não!

  4. Na Alemanha, um homem russo atirou de uma ponte, um menino refugiado de 10 anos porque estava a falar ucrâniano com os amiguinhos e ele intimou-o a falar russo. A criança ficou ferida, mas sobreviveu.

  5. Estes escroques comunistas tal como esse bulhões, é que há muito deveriam ter deixado Portugal e ir para Rússia, Coreia do Norte ou Venezuela. Estes sim, Eu pago para os ver fora de Portugal. Todos estes bulhões.

  6. É isso que (infelizmente) temos agora em Portugal – muitos homens a partilhar a opinião única e sem vontade de ver com os olhos próprios e poucos corajosos capazes de ver e dizer a verdade. Não sei exactamente o que se passou entre os dois mas sei, sim, que estamos em Portugal, como na Europa toda, perante a ucrainização da nossa vida como sociedade e como estado. A ucrainização, que traz ódio, denúncia e culto de intimidação. Não sou um comunista mas considero as insinuações tipo “na Europa somos o único pais com um partido comunista” um caminho directo à uma ditadura e, no limite, facismo. Até agora em Portugal o PCP foi o único partido que tinha coragem exprimir uma opinião independente (certa ou errada, mas sua) sobre um processo histórico complicadíssimo que estamos a testemunhar. Ainda falta-nos muito para aprender, só de uma distância no tempo poderemos formar uma visão mais ou menos objectiva. Até lá, o melhor que podemos é manter as nossas mentes abertas, pensar com cabeça própria e, ao ouvir mais um slogan, oferecido gratuitamente, questionar a nos próprios – quem é que beneficia com este?

  7. É isso que (infelizmente) temos agora em Portugal – muitos homens a partilhar a opinião única e sem vontade de ver com os olhos próprios e poucos corajosos capazes de ver e dizer a verdade. Não sei exactamente o que se passou entre os dois mas sei, sim, que estamos em Portugal, como na Europa toda, perante a ucrainização da nossa vida como sociedade e como estado. A ucrainização, que traz ódio, denúncia e culto de intimidação. Não sou um comunista mas considero as insinuações tipo “na Europa somos o único pais com um partido comunista” um caminho directo à uma ditadura e, no limite, facsismo. Até agora o facto é que em Portugal o PCP foi o único partido que tinha coragem exprimir uma opinião independente (certa ou errada, mas sua) sobre um processo histórico complicadíssimo que estamos a testemunhar. Ainda falta-nos muito para aprender, só de uma distância no tempo poderemos formar uma visão mais ou menos objectiva. Até lá, o melhor que podemos é manter as nossas mentes abertas, pensar com cabeça própria e, ao ouvir mais um slogan, oferecido gratuitamente, questionar a nos próprios – quem é que beneficia com este?

  8. Geógrafo, opinião única é na Russia de Putin onde nem chamam Guerra à Guerra, usando o sofisma Operação Militar Especial e quem disser que é Guerra é declarado Agente Estrangeiro e preso. É na Russia que, por causa da opinião única todos os russos da oposição estão presos ou mortos. Uns são envenenados, outros atirados da janela ou suicidados. É por causa da opinião única que Prighozin foi assassinado por Putin. É por causa da opinião única que Putin invadiu a Ucrânia e os russos morrem que nem tordos na Frente de Combate. É por causa da opinião única de Putin que os russos se veem a combater pelo renascimento Imperial da antiga URSS com o objetivo de transformar a Ucrânia numa colónia. É por causa da opinião única que nos territórios ucranianos ocupados pela Russia a História, a Cultura, a Língua, o Ensino e a Geografia foram russificados.. Em termos de opinião única ninguém ganha a Putin e você ainda tem o descaramento de o defender?

  9. Tudo que acabei de ler são opiniões e não factos. Como exemplo de um facto, posso oferecer os resultados de eleições autárquicas na Federação da Rússia que foram divulgados hoje. Em geral, o partíto Rússia Unida (o partido presentemente no poder) foi apoiado por 70-85% dos eleitores incluindo nas regiões da antiga Ucrânia que se proclamaram independentes e pediram adesão à Federação. Por isso, de próxima vez quando dizer Putin isso, Putin aquilo, pensa em largas milhões de pessoas que deram o seu voto de confiança ao partido e à política dele e não deram aos outros que na sua fantasia são presos e mortos (já agora, a lista dos candidatos consistia de representantes de 6-7 outros partidos). Não lhe parece que alguma coisa nas suas afirmações não bate certo com a realidade?

    A tal “russificação” merece outra discussão. Com factos. Não slogans.

  10. Comunistas e apoiantes de países sem liberdade expressão, política, religião, entre outras liberdades cívicas, prá Rússia com eles, somos ocidentais e vivemos numa democracia com os seus defeitos e virtudes.

  11. Não é nas eleições e referendos é que se realiza a liberdade (até religiosa; mais um facto – de acordo com os dados oficiais, na Federação Russa estão registadas mais que 70 confissões religiosas)?

  12. Comemorarei no dia em que o PCP ficar sem assento parlamentar em Portugal. E já faltou mais para esse dia. E os seus dirigentes e camaradas têm dado um bom contributo nesse sentido. Continuem assim…

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