/

Fungo mortal que circula em hospitais encontrado na natureza pela primeira vez

3

Cientistas descobriram uma superbactéria mortal num remoto arquipélago indiano. Foi a primeira vez que este organismo multirresistente foi visto na natureza.

De acordo com o Live Science, trata-se do fungo Candida auris, que foi inicialmente descoberto num paciente no Japão, em 2009, e que rapidamente se espalhou por hospitais de todo o mundo.

Este micróbio pode causar infeções graves na corrente sanguínea dos pacientes, sobretudo nos que precisam de cateteres, tubos de alimentação ou tubos para os ajudar a respirar, segundo o site do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC).

O CDC destaca ainda que estas infeções podem ser difíceis de tratar porque o C. auris costuma ser resistente a vários antifúngicos e pode permanecer em superfícies, tanto que, em 2019, este organismo declarou-o uma “ameaça urgente” à saúde pública.

Anteriormente, cientistas já tinha levantado a hipótese de o aumento das temperaturas, devido às alterações climáticas, ter permitido que o C. auris se adaptasse a elas na natureza e, assim, ter feito com que saltasse para os humanos (cuja temperatura normal do corpo é geralmente muito alta para os fungos conseguirem sobreviver).

Com esta teoria em mente, uma equipa de investigadores analisou amostras do solo e da água de oito locais à volta das Ilhas Andamão, um arquipélago tropical remoto na Índia. Os cientistas isolaram a C. auris em dois: um pântano salgado onde ninguém vai e uma praia com alguma atividade humana.

Em comunicado, a equipa explicou que os fungos encontrados na praia eram todos multirresistentes e estavam mais relacionados com as estirpes vistas nos hospitais, em comparação com os descobertos no pântano.

Um dos isolados no pântano não era resistente aos medicamentos e cresceu mais lentamente em temperaturas altas comparativamente com os restantes.

Segundo Arturo Casadevall, chefe do departamento de Microbiologia e Imunologia Molecular da Universidade Johns Hopkins, a descoberta sugere que este exemplar pode ser uma estirpe “selvagem” do C. auris, ou seja, um que ainda não se adaptou às altas temperaturas corporais dos humanos e de outros mamíferos.

Este estudo, publicado a 16 de março na revista científica mBio, dá alguma força à hipótese do aquecimento global porque, antes de mais, o fungo foi identificado num ambiente natural. Além disso, este caso isolado “mais selvagem” pode ser uma espécie de elo perdido entre o fungo selvagem e aqueles que causam infeções nos hospitais.

Ainda assim, a pesquisa não prova que o C. auris vive naturalmente nas Ilhas Andamão, ou que se originou a partir deste local. É até possível que tenha sido introduzido por pessoas, sobretudo no local da praia.

Se algum dia se vier a comprovar que este fungo veio da natureza e que o aquecimento global foi um fator determinante na sua passagem para os humanos, os investigadores estão preocupados que mais patógenos como este possam dar o mesmo salto.

“Se esta ideia for validada… precisamos de começar a mapear mais estes patógenos que andam por aí para não sermos surpreendidos”, tal como aconteceu com o novo coronavírus, disse Casadevall.

ZAP //

3 Comments

  1. 27/06/2020
    COVID 19
    “Homens de pouca fé, sabes ver nas nuvens o tempo que faz amanhã e não sabes interpretar os sinais dos tempos “.
    Este vírus, se foi manipulado pelo homem é preocupante mas, se for de origem natural é ainda mais preocupante.
    Se for a segunda hipótese é caso para pensar e o homem terá que mudar de atitude e comportamento senão será o princípio do fim, por estupidez e casmurrice da sociedade, a natureza nos presenteará com outros tipos de vírus.
    Uma das muitas coisas que o homem terá que ter em conta é a natureza, esta não poderá ser destruída como tem vindo a ser, para benefício e estupidez de uns quantos, que se julgam acima de tudo e todos e implementarem o que muito bem lhes interessa.
    Cuidado, não brinquem com a natureza e com o poder porque, quem vai sair bem desta luta, mais uma vez, vai ser a Mãe Natureza.

    • Je, concordo com tudo o que escreve.
      Quais são as medidas que tomaria, ou que toma para fazer inverter a situação?
      Cumprimentos

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.