Cancro “silencioso” (e fatal) pode ser diagnosticado mais cedo do que pensávamos

(CC0/PD) HansMartinPaul-Photos / pixabay

Geralmente, o cancro do pâncreas é diagnosticado tarde demais para ser curado. No entanto, um novo estudo sugere que pode ser detetado três anos antes.

Todos os anos, mais de 1.800 pessoas em Portugal são diagnosticadas com cancro do pâncreas. Infelizmente, para a maioria dessas pessoas, esta doença é diagnosticada tarde demais para ser curada.

É a segunda causa de morte por cancro em Portugal, a seguir ao cancro do pulmão.

O cancro do pâncreas é uma doença silenciosa. Para muitas pessoas, não apresenta sintomas até que esteja bastante avançado. Perda de peso e aumento dos níveis de glicose no sangue são sinais conhecidos, mas não se sabia – até agora – quando é que essas mudanças ocorrem e em que medida.

Se pudermos entender melhor como e quando é que essas mudanças acontecem antes do diagnóstico do cancro do pâncreas, podemos usar esse conhecimento para diagnosticar a doença mais cedo e potencialmente, no futuro, salvar a vida de algumas das pessoas afetadas por essa doença mortal.

No maior estudo desse tipo, publicado na revista PLOS ONE, investigadores da Universidade de Surrey, juntamente com cientistas da Universidade de Oxford, investigaram sinais conhecidos do cancro do pâncreas – perda de peso, açúcar elevado no sangue e diabetes – e observaram quando é que se desenvolveram em relação ao cancro.

Para realizar este estudo, os cientistas usaram um grande conjunto de dados de mais de 10 milhões de pessoas em Inglaterra. O grande tamanho do conjunto de dados foi importante para garantir que as descobertas representassem toda a população.

Os autores extraíram as informações sobre o diagnóstico de cancro do pâncreas e os três atributos de interesse e investigaram como é que mudam para as pessoas ao longo do tempo.

Os investigadores compararam o índice de massa corporal (para perda de peso) e HbA1c (para açúcar no sangue) de quase 9.000 pessoas diagnosticadas com cancro do pâncreas com os de um grupo de quase 35.000 pessoas que não tinham a doença. Os cientistas descobriram que a perda de peso dramática em pessoas com cancro do pâncreas começou dois anos antes de receberem o diagnóstico.

No momento do diagnóstico, o IMC médio de pessoas com cancro do pâncreas era quase três unidades menor do que as pessoas que não tinham cancro. Níveis elevados de glicose foram detetados ainda mais cedo – três anos antes do diagnóstico.

A análise revelou que a perda de peso em pessoas com diabetes estava associada a um risco maior de desenvolver cancro do pâncreas do que em pessoas sem diabetes. E o aumento dos níveis de glicose em pessoas sem diabetes foi associado a um risco maior de cancro do pâncreas do que em pessoas com diabetes.

Os resultados sugerem que a perda de peso inexplicável, principalmente em pessoas com diabetes (mas não exclusivamente), deve ser tratada com suspeita. Além disso, o aumento dos níveis de glicose, especialmente em pessoas sem ganho de peso, deve ser considerado um potencial alerta para o cancro do pâncreas.

Essas mudanças são candidatas importantes para exames de saúde que, se realizados regularmente, podem ajudar os médicos a identificar pessoas que podem ter cancro do pâncreas não diagnosticado. Essas pessoas podem ser encaminhadas para um especialista do hospital para um exame abdominal para verificar se há cancro.

O benefício de receber um diagnóstico precoce é que reduz a probabilidade de o cancro se espalhar e ajuda a garantir que os pacientes estejam aptos o suficiente para suportar o tratamento.

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