Campanha publicitária com casais homossexuais gera polémica no Brasil

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A campanha publicitária “Casais”, veiculada pela empresa de cosméticos O Boticário no Brasil a propósito do Dia dos Namorados (que no país celebra-se a 12 de junho), gerou debate nas redes sociais e na Internet.

O anúncio, que está no ar desde o dia 24 de maio, mostra casais homossexuais e heterossexuais a trocar presentes.

Para o deputado Jean Wyllys, do Partido Socialismo e Liberdade, defensor declarado dos direitos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) e que é a favor da campanha, a peça reflete a pluralidade da sociedade. “Reflete a vida, reflete a existência, a pluralidade, a diversidade das expressões amorosas e afetivas”, disse.

Para Wyllys, a campanha mostra também o reconhecimento da comunidade LGBT que, segundo ele, é estigmatizada.

“É uma empresa que está não só a reconhecer socialmente este grupo, mas a reconhecê-lo como consumidor, que esse é, também, um aspecto importantíssimo a ser ressaltado”, destacou o deputado em entrevista à Agência Brasil.

Os brasileiros têm reagido acaloradamente nas redes sociais, tanto em defesa quanto contra o anúncio. Esta terça-feira, o polémico pastor Silas Malafaia, presidente da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, publicou um vídeo em que critica a publicidade.

“Existe uma gama de empresas agora fazendo propaganda da relação gay. Eu sou contra. É um direito meu”, afirma. No vídeo publicado no seu canal oficial no Youtube, o pastor convoca um boicote à marca.

“Quero conclamar as pessoas de bem, que não concordam com essa promoção do homossexualismo através de propaganda, de televisão e de revista, para boicotarem os produtos dessas empresas, como agora faz O Boticário”, disse Malafaia.

O pastor afirmou que não pretende impedir que uma pessoa seja homossexual, o que para ele é um comportamento. Mais de cinco mil comentários foram publicados.

As declarações geraram reações da parte dos que defendem a campanha. Para Jean Wyllys, as publicações contra o vídeo do pastor foram importantes para contestar os argumentos usados. “É muito importante que as pessoas se posicionem”.

Para o deputado, a empresa deve servir de exemplo para outras. “Eu acho que, no Brasil, as empresas têm que respeitar a diversidade humana, considerar que os seres humanos são plurais, e que têm poder de consumo. Pagamos impostos ao estado, queremos políticas públicas, queremos leis, e compramos no mercado e queremos do mercado, respeito e reconhecimento”.

Na terça-feira, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária brasileiro abriu um processo para avaliar tanto as denúncias feitas por consumidores – que alegam que a campanha desrespeita a família – quanto a defesa da empresa.

“Espero que o CONAR tenha bom senso e diga que essa campanha não faz o que vocês estão a dizer’’, disse o deputado.

Em nota à imprensa, O Boticário diz que “acredita na beleza das relações, presente em toda sua comunicação”.

A proposta da campanha “Casais”, que estreou na televisão brasileira no dia 24 de maio, é abordar, com respeito e sensibilidade, a ressonância atual sobre as mais diferentes formas de amor – independentemente de idade, raça, gênero ou orientação sexual –- representadas pelo prazer em presentear a pessoa amada no Dia dos Namorados”.

A empresa diz ainda que “valoriza a tolerância e respeita a diversidade de escolhas e pontos de vista”.

ZAP / ABr

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