Um novo estudo sugere que os dois misteriosos buracos no topo do crânio do Tyrannosaurus rex podem ter ajudado a regular a sua temperatura.
Teorias anteriores sugeriam que estes buracos cheios de músculos, chamados de fenestra dorso-temporal, ajudavam a operar o poderoso maxilar do Tyrannosaurus rex. No entanto, segundo o Science Alert, nem todos estavam convencidos com esta explicação.
É o caso do anatomista Casey Holliday, da Universidade do Missouri, nos Estados Unidos, que estudou a classe de animais diapsida — crocodilos, outros repteis e aves assim agrupados por terem uma característica similar nos seus crânios — para verificar uma nova teoria.
A equipa de investigadores analisou diferentes crânios de diapsida e percebeu que as fenestras mais semelhantes com os do T. rex eram as dos crocodilos. Os cientistas decidiram então estudar um grupo de jacarés com recurso a câmaras de imagem térmica. Como estes são animais ectotérmicos, a sua temperatura corporal depende da temperatura do ambiente em que estão inseridos.
“Percebemos que quando estava mais frio e os jacarés se queriam aquecer, a imagem térmica mostrava grandes pontos quentes nesses buracos, indicando um aumento da temperatura”, explica Kent Vliet, investigador da Universidade da Florida e coautor do estudo publicado na revista científica The Anatomical Record.
“Mais tarde, quando estava mais quente, os buracos apareciam escuros, como se tivessem sido desligados para se refrescar. Isto é consistente com evidências anteriores de que os jacarés têm um sistema circulatório de corrente cruzada ou um termostato interno por assim dizer”.
Porém, ainda não se sabe se os dinossauros em geral, e o T. rex em particular, eram ectotérmicos ou endotérmicos. Alguns cientistas arriscam a primeira opção, outros a segunda e ainda há quem pense que se trata de ambos (recurso chamado mesotermia).
A nova investigação sugere que o T. rex (e outros dinossauros) usaram algumas das táticas termoreguladoras dos ectotérmicos, mas o que isso realmente significa dentro do contexto mais amplo dos seus metabolismos ainda tem de ser investigado.
O que os cientistas podem dizer, com base neste estudo, é que não existem características osteológicas no crânio do tiranossauro que indiquem que as fenestras eram locais de fixação muscular.