“Congelado no tempo”. Bunker da Primeira Guerra encontrado nos Alpes – mas a descoberta tem um sabor agridoce

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Uma equipa de investigadores encontrou um bunker da Primeira Guerra Mundial que estava escondido numa montanha dos Alpes. De acordo com os historiadores, este encontra-se em excelente estado de conservação como se estivesse “congelado no tempo”.

Dentro da caverna, escreve o The Washington Post, os historiadores encontraram munições, livros, ossos de animais, entre outros. No entanto, anteriormente, o local albergou as tropas austro-húngaras. Os soldados demarcaram o Monte Scorluzzo, que se encontra quase a 3.000 metros acima do nível do mar, na fronteira ítalo-suíça, agora parte do território do Parque Nacional Stelvio, em Itália.

“Estes lugares foram literalmente congelados no tempo”, disse Giovanni Cadioli, historiador e investigador de pós-doutoramento da Universidade de Pádua, em Itália, ao Washington Post.

O investigador destacou ainda um facto bastante relevante, referindo que as mudanças climáticas têm desempenhado um “papel fundamental” na descoberta de lugares escondidos que foram importantes ao longo das guerras do século passado. Isto porque com a subida das temperaturas, tem ocorrido a fusão de grandes glaciares que vêm a revelar locais como uma “cápsula do tempo”.

Durante a conferência sobre as mudanças climáticas, a COP26, que se realizou em Glasgow, na Escócia, Cadioli revelou que as descobertas tiveram um sabor agridoce, pois apesar das revelações históricas, estas só foram possíveis graças ao derretimento do gelo na zona.

O jornal norte-americano refere que os bunkers da zona foram construídos em 1915, sendo transformados para abrigar centenas de soldados europeus. Os locais foram mantidos pelos soldados austro-húngaros que lutavam contra as tropas italianas. Estes abandonaram o seu cargo a 3 de novembro de 1918, em linha com as ordens de retirada, poucos dias antes do acordo de armistício, que encerrou a Primeira Guerra Mundial a 11 de novembro.

Em 2017, outro bunker foi encontrado na mesma montanha após o degelo, revelando uma super estrutura de madeira que foi desmontada e transportada, juntamente com cerca de 300 artefactos, para Bormio, na região da Lombardia, na Itália, onde será exposta num museu já a partir de 2022.

Neste bunker, os investigadores encontraram ainda montes de feno congelado, onde os soldados dormiam. Estes continham sementes que foram tão bem conservadas que foram postas ao sol para secar e depois serem plantadas.

Segundo Cadioli, é altamente provável que existam mais cavernas para descobrir, mas o clima rígido da região só permite que os investigadores tenham acesso aos locais de maio a outubro.

De 1915 a 1918, os soldados europeus estiveram sediados num terreno montanhoso extremamente difícil, enfrentando condições climáticas adversas durante todo o ano. Questões naturais, queimaduras, quedas e avalanches acabaram por tirar a vida a mais soldados do que propriamente o ataque inimigo.

ZAP //

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