Bruxismo: a evolução explica porque é tão comum

Já todos rangemos os dentes em algum momento das nossas vidas, e provavelmente aconteceu durante um período de mais stress.

Mas o que é realmente ranger os dentes? Porque é que o fazemos e como pode ser evitado? O paleontólogo Michael Archer e o dentista Christopher Telford abordaram estas mesmas questões no artigo “Bruxismo a tempo”, da revista Cosmos.

Os humanos já não utilizam tanto os seus dentes como armas, pelo menos depois da fase de infância, em que aprendemos a abster-nos desse tipo de comportamento.

Mas isso não significa que não saibamos que pode ser uma ameaça quando estão “à mostra” — por exemplo, um cão que está a mostrar os dentes.

Os humanos reagem ao stress e perigo de diferentes formas, e provavelmente já estão habituados à resposta instintiva de sobrevivência de uma luta.

Outra das respostas ao stress, de acordo com Archer e Telford, é algo chamado “thegosis” — o ato de ranger os dentes para os afiar.

O que talvez não saiba, segundo Archer e Telford, é que outra dessas respostas se chama “thegosis” – o ato de ranger dentes para os afiar.

Thegosis — uma palavra grega que significa afiar ou molhar — descreve o processo pelo qual muitos animais, incluindo humanos, afiam os seus dentes, bicos, ou quaisquer outras partes duras.

Este comportamento acontece porque, tal como usar facas ou tesouras as amolece com o tempo, comer ou lutar vai amolecer a ponta dos dentes.

Alguns animais cujos dentes superiores e inferiores não se tocam, como os tubarões e os crocodilos, substituem os dentes por uma nova dentição em crescimento. Outros, cujos dentes já se tocam, rangem-nos para os manterem afiados.

Nos mamíferos, a thegosis resulta na afiação dos dentes anteriores — os 12 dentes na frente da boca que incluem os incisivos e os caninos.

Estes dentes são a nossa principal arma biológica, e rangê-los é uma forma de os manter afiados. Portanto, faz sentido que o façamos em resposta a uma ameaça.

O bruxismo também afia os dentes pré-molares e os molares, algo que é importante para mastigar os alimentos em pedaços mais pequenos.

De acordo com Archer e Telford, quanto mais stress, mais intensamente rangemos os dentes, em resposta a essa perceção de ameaça.

Normalmente, os cérebros podem suprimir o instinto enquanto estamos acordados, mas durante o sono profundo esse instinto pode surgir novamente.

Se um confronto ameaçador ou assustador for demasiado intenso, os seres humanos podem também ranger os dentes de forma espontânea enquanto estão acordados.

O stress severo pode também causar moagem excessiva dos dentes, e isto pode ter consequências prejudiciais, incluindo dores de cabeça, danos em partes do rosto, cabeça e pescoço, e até mesmo dentes sensíveis ou partidos.

A utilização de uma tala ou um protetor bucal pode limitar temporariamente a quantidade de danos dentários que ocorrem. No entanto, Archer e Telford sugerem que não resolve a raiz do problema — o stress.

Em vez disso, sugerem que os dentistas devem explicar aos seus pacientes a relação entre o stress e o ranger excessivo dos dentes e, se apropriado, encaminhar indivíduos bastante stressados para um psicólogo que possa ajudar a tratar a causa do problema, em vez dos sintomas.

ZAP //

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