Boris continua. Antes da votação, disse: “Faria aquilo de novo”

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Primeiro-ministro não foi “chumbado” em moção de censura interna. Mas há números do passado, no seu partido, que o podem fazer hesitar.

Boris Johnson foi “salvo” pela maioria dos deputados do Partido Conservador e vai continuar na liderança do partido – e, assim, continuará a ser o primeiro-ministro do Reino Unido.

Na noite passada o presidente do Comité 1922, Graham Brady, anunciou os resultados da moção de censura interna: 211 votos a favor da sua continuidade e 148 contra.

Como há 359 deputados conservadores na Câmara dos Comuns, seriam precisos 180 votos (mais de metade) contra a sua continuidade, para retirá-lo do cargo.

Assim, foi uma vitória para Boris, mas uma vitória apertada: apenas 63 votos de diferença, num total de 359.

Ou, em outros números, 41,2% dos deputados queriam a saída imediata do seu líder. É uma percentagem maior do que a que votou contra Margaret Thatcher (40,9%), em 1990, lembra a contabilidade da Sky News.

Deixando as percentagens e voltando aos números absolutos, esta foi a maior votação interna contra um líder do Partido Conservador (e primeiro-ministro ao mesmo tempo) desde os tempos de Thatcher. Na altura, há 32 anos, 152 deputados votaram contra a “Dama de Ferro”; agora foram 148 contra Boris.

Pelo meio, John Major (1995) e Theresa May (2019), que também passaram e superaram moções, tiveram mais votos a favor do que Boris e Thatcher.

No entanto, a vitória pode não significar estabilidade. O passado do próprio Partido Conservador deixa alguns sinais: Margaret Thatcher demitiu-se dois dias após ter superado a moção e Theresa May deixou o cargo seis meses depois de ter vencido. A excepção foi John Major, que se manteve até às eleições legislativas, dois anos mais tarde.

“Faria de novo”

“Acho que este resultado é muito bom para a política e para o país”, reagiu Boris Johnson, na Sky News.

O líder do Partido Conservador acredita que, “nesse sentido”, este resultado é “convincente e decisivo”. E agora o seu foco é “seguir em frente”.

“E não se esqueçam de que, quando eu candidatei à liderança do Partido Conservador em 2019, não recebi tanto apoio dos meus colegas no Parlamento como agora”, lembrou.

Antes da votação desta segunda-feira, Boris protagonizou o seu discurso final na tentativa de convencer os deputados do seu partido a votar a favor da sua continuidade.

Os jornais ingleses relatam que o líder pediu aos seus colegas conservadores para não “dançarem ao som da comunicação social” e avisou que a sua saída iria criar uma guerra civil interna.

Boris Johnson comentou ainda – vagamente – que iria baixar os impostos em breve, caso continuasse no cargo.

Quando foi questionado sobre ter deixado entrar bebidas alcoólicas nas festas realizadas na sua residência oficial durante período de confinamento (partygate, que originou este processo), Boris respondeu: “Eu faria aquilo de novo”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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1 Comment

  1. Isto é um não-assunto. Preocupem-se com coisas mais “reais”… corrupção, violência, pobreza… em vez de matutarem em coisas que, espremidas, não deitam uma única gota de “sumo”.

    Com licença.

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