Bolsonaro ameaça pôr exército nas ruas se restrições levarem ao “caos”

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jeso.carneiro / Flickr

Jair Bolsonaro, Presidente do Brasil

O Presidente do Brasil ameaçou colocar as Forças Armadas na rua para “garantir a ordem”, se as restrições decretadas por vários governadores brasileiros para travar a covid-19 levarem ao “caos”, relata a agência EFE.

“Se tivermos problemas, temos um plano sobre como entrar no campo (…). Eu sou o chefe supremo das Forças Armadas. O nosso Exército, as nossas Forças Armadas, se necessário, vão para as ruas“, avisou o líder brasileiro durante uma entrevista na rede de televisão A Crítica, emitida esta sexta-feira à noite.

Jair Bolsonaro voltou a criticar medidas como confinamentos e recolher obrigatório, que governadores de vários estados do Brasil adotaram de forma a combater a pandemia causada pelo novo coronavírus, descrevendo-as como quarentenas “absurdas” e “cobardes”.

“As nossas Forças Armadas podem ir para as ruas, dentro das quatro linhas da Constituição, para fazer cumprir o quinto artigo” da Carta Magna, que se refere às liberdades individuais, explicou.

O Presidente brasileiro afirmou ainda que não pode “extrapolar” a lei, mas recusou-se a dar mais detalhes sobre aquilo que garantiu já ter discutido com 23 ministros do seu Governo.

“Falámos disso, do que fazer no caso de se implantar um caos generalizado no Brasil por causa da fome, devido à forma cobarde como algumas pessoas querem impor essas medidas, medidas restritivas para que as pessoas fiquem dentro de casa”, apontou.

As declarações de Bolsonaro, que já se confessou admirador da ditadura militar no Brasil entre 1964 e 1985, surgem numa altura em está sob pressão pela forma controversa como tem vindo a gerir a pandemia, que já provocou mais de 386 mil mortos e 14,2 milhões infetados no Brasil.

Na mesma entrevista televisiva, segundo a revista Veja, Bolsonaro voltou a defender o uso da cloroquina para tratar a covid-19, afirmando que tomou o medicamento depois de receber o diagnóstico de que estava infetado e dizendo que se sentiu melhor no dia seguinte.

Segundo a EFE, o Senado brasileiro planeia iniciar na próxima semana os trabalhos de uma comissão especial criada para investigar as possíveis “omissões” do Governo Bolsonaro e das administrações regionais na luta contra a covid-19.

Com uma média de três mil mortes por dia, o Brasil é o país com o segundo maior número de mortes associadas à doença causada pelo novo coronavírus, depois dos Estados Unidos, e o terceiro mais infetado, depois dos EUA e da Índia.

ZAP // Lusa

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