Cientistas fizeram ‘despertar’ o bolor que levou à descoberta da penicilina, nos anos 20, pois acreditam que poderá fornecer novas luzes sobre como vencer a resistência aos antibióticos.
A descoberta acidental da penicilina por Alexander Fleming, em 1928, quando bolor contaminou uma das suas placas de Petri, mudou o curso da Medicina moderna, com o aparecimento de antibióticos fundamentais para o declínio de muitas doenças ao longo do século XX.
Agora, conta a estação televisiva CNN, cientistas ‘acordaram’ este bolor e sequenciaram o seu genoma pela primeira vez, pois pensam que as informações recolhidas podem ajudar na luta contra a resistência aos antibióticos.
“Surpreendentemente, depois de todo este tempo no congelador, voltou a crescer com bastante facilidade. É bastante fácil, basta retirá-lo do tubo e colocá-lo numa placa de Petri”, declarou Tim Barraclough, professor do Departamento de Ciências da Vida da Imperial College London e do Departamento de Zoologia da Universidade de Oxford.
“Percebemos, para nossa surpresa, que ainda ninguém havia sequenciado o genoma deste Penicillium original, apesar do seu significado histórico para a área”, acrescentou.
Segundo o canal norte-americano, a equipa usou a informação genética para comparar o bolor de Fleming com duas estirpes de Penicillium dos Estados Unidos que são usadas para produzir antibióticos numa escala industrial.
Os investigadores examinaram dois tipos de genes: aqueles que codificam as enzimas que o fungo usa para produzir penicilina; e aqueles que regulam as enzimas, por exemplo, controlando quantas são feitas.
“Pode dar-nos algumas sugestões de como podemos tentar melhorar a nossa utilização ou o desenvolvimento de antibióticos para combater bactérias”, disse Barraclough, um dos autores do estudo publicado, a 24 de setembro, na revista científica Scientific Reports.
“Tem sido feito um grande esforço na busca de novas classes de antibióticos. Mas, depois, quando cada um deles é colocado à disposição, acontece a mesma coisa após um período de tempo: passam-se cinco ou 10 anos e, então, já lhes temos resistência”.
A equipa está a “olhar para as variações mais subtis dentro de uma classe de antibióticos e como isso pode variar na natureza, e se podemos usar essas diferenças mais subtis para mudar um pouco o equilíbrio no combate a essas bactérias”, acrescenta.
De acordo com a CNN, estima-se que, até 2050, a resistência aos medicamentos resulte em 10 milhões de mortes por ano.