Tem um bilião de toneladas e é um dos maiores icebergues já vistos. Depois de ameaçar soltar-se já há mais de seis meses, o icebergue gigante desprendeu-se esta quarta-feira do continente antártico, disseram investigadores da Universidade de Swansea, no Reino Unido.
“A formação produziu-se entre segunda e quarta-feira“, indicaram os especialistas, que monitorizam a evolução deste bloco de gelo gigantesco.
Segundo o The Guardian, o bloco de gelo, com 5.800 km2, é maior que o Algarve, e separou-se agora da plataforma de gelo Larsen C, na Antártida Ocidental, a sul do continente americano. Esta separação era esperada pelos cientistas, que há mais de dez anos seguiam uma grande fenda, cuja propagação se acelerou a partir de 2014.
Os cientistas não consideram que a fissura tenha aparecido devido às alterações climáticas: a abertura destas grandes fendas é um efeito habitual dos movimentos internos da Terra.
No mês passado, quando a plataforma já estava presa ao continente por apenas 20 quilómetros de gelo, os cientistas já adivinhavam para breve o desprendimento do maior icebergue de sempre. No dia seguinte, já só faltavam 13 quilómetros.
A massa de gelo, com 200 metros de espessura, não deverá mover-se para longe nem muito depressa, mas deverá continuar a ser monitorizada. Correntes e ventos podem eventualmente empurrar o icebergue para norte do Antártico, o que causaria dificuldades à navegação.
Segundo os cientistas, a separação não vai afetar o nível do mar, porque o gelo que se desprendeu já estava no oceano, embora alguns especialistas admitam que possa acelerar a desestabilização da Larsen C.
Segundo afirmam a Agência Espacial Europeia, ESA, e o cientista Noel Gourmelen, da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, o icebergue criado com a separação deste bloco de gelo é um dos maiores da jamais vistos, com 1 155 quilómetros cúbicos de gelo, equivalente à água necessária para encher 462 milhões de piscinas olímpicas.
O tamanho deste icebergue apenas é superado pelo do iceberg B-15, o maior icebergue alguma vez registado no mundo. Com uma área de mais de 11.000 km², o B-15 era maior que a ilha da Jamaica.
A mesma agência assinalou também que as plataformas vizinhas, Larsen A e Larsen B, experimentaram um processo similar com “fragmentações espetaculares” em 1995 e 2002, respetivamente.
ZAP // Lusa