Segundo um novo estudo, a utilização de energia na criação da criptoeda Bitcoin pode causar um aumento de 2 graus Celsius nas temperaturas globais dentro de 20 anos.
A Bitcoin pode ser responsável por um enorme aumento no uso de eletricidade. O novo estudo publicado no dia 29 de outubro na Nature Climate Change estudou o impacto que a Bitcoin poderá ter para o meio ambiente.
Considerando que a Bitcoin é apenas uma das várias criptomoedas emergentes e que todas elas são processadas em computadores e servidores por todo o mundo, podemos estar a colocar um risco o ambiente através destes sistemas de pagamento descentralizados.
Pesquisadores da Universidade do Havaí, em Mānoa, fizeram uma projeção sobre a quantidade de eletricidade que a Bitcoin poderia exigir se a criptomoeda começasse a ser utilizada em massa – as conclusões dessa estimativa para os próximos 20 anos foi chocante para os investigadores.
Caso o uso da Bitcoin crescesse na sua utilização à mesma velocidade que outras tecnologias emergentes como os cartões de crédito e os smartphones fizeram, o planeta Terra poderia assistir a um aquecimento global de 2 graus Celsius já em 2033.
“Atualmente, as emissões de transporte, moradia e alimentação são consideradas os principais contribuintes para as mudanças climáticas em curso”, disse um dos integrantes da equipe, Katie Taladay.
Para os investigadores, esta pesquisa mostra que a Bitcoin deveria ser adicionado a essa lista de contribuintes. As recompensas financeiras podem ser substanciais para quem aposta nesta moeda, mas o custo ambiental está a começar a surgir.
A verificação das transações no blockchain requer uma série de cálculos intensivos: os profissionais atuais usam uma panóplia de servidores, que funcionam sem parar, para quebrar os códigos necessários.
O poder necessário para validar uma única transação pode ser suficiente para fornecer energia a uma casa por um mês inteiro, de acordo com alguns cálculos.
“O Bitcoin é uma criptomoeda com requisitos pesados de hardware, e isso obviamente traduz-se em grandes exigências de eletricidade“, diz um dos elementos da equipa, Randi Rollins.
Os investigadores analisaram a eficiência energética de computadores normalmente usados para gerar a Bitcoin, a localização geográfica das operações e as emissões de CO2 envolvidas na utilização de eletricidade nesses países.
A conclusão é que a o impacto já se faz notar: o uso das Bitcoins em 2017 foi responsável por cerca de 69 milhões de toneladas métricas de emissões de CO2.
A equipe analisou o crescimento da adoção de mais de 40 tecnologias diferentes – incluindo televisões, lava-louças, internet, rádio, refrigeradores entre outras para descobrir com que rapidez a Bitcoin poderia ser massificada.
Especialistas questionam resultados
Vários especialistas em criptomoedas têm questionado os resultados da equipe, afirmando que é improvável que a Bitcoin siga o caminho de crescimento de outras tecnologias e que os dados são baseados em “suposições ingénuas”.
Alguns especialistas chegaram a rotular o estudo como sendo “notícias falsas”, apontando para o número total fixo de Bitcoins – eventualmente, todas as moedas serão geradas e emitidas, deixando de haver a necessidade de gerar mais.
Muitas outras variáveis entram também em equação, incluindo a maneira como a eletricidade é gerada de país para país e como esta é usada pelos geradores de Bitcoin.
Portanto, antes que essa terrível previsão de aumento de temperatura se concretize, podemos esperar iniciativas para tornar a mineração da criptomoeda mais sustentável no uso de energia.
“Com a crescente devastação criada por condições climáticas perigosas, a humanidade está a chegar a um acordo com o facto de que a mudança climática é real e pessoal”, disse um dos elementos da equipe, Camilo Mora.
“Qualquer desenvolvimento adicional nas criptomoedas deve visar a redução da utilização de eletricidade, caso as consequências potencialmente devastadoras queiram ser evitadas”, concluiu Camilo Mora.
ZAP // Science Alert