O Presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, está a preparar-se para reconhecer formalmente os massacres arménios do início do século 20 como genocídio, cumprindo assim uma promessa que fez durante a sua campanha, decisão que pode aumentar as tensões com a Turquia.
Segundo noticiaram esta quinta-feira o Wall Street Journal e o New York Times, citando as autoridades norte-americanas, Biden deve fazer o anúncio no sábado, na comemoração do Dia da Memória do Genocídio Arménio.
Durante o genocídio arménio, ocorrido entre 1915 e 1923 e reconhecido por 29 países, o Império Otomano – atual Turquia – assassinou e deportou cerca de 1,5 milhões de arménios. Esses atos são considerados como genocídio pela maioria dos estudiosos e historiadores. A Turquia nega, alegando que foi uma resposta a um levante arménio.
No ano passado, na comemoração do Dia da Memória do Genocídio Arménio, Biden afirmou que “silêncio é cumplicidade” e prometeu “reconhecer o genocídio arménio e fazer dos direitos humanos universais uma das principais prioridades” da sua administração, “para que tal tragédia nunca mais ocorra”.
Caso esta decisão se concretize, Biden será o primeiro Presidente norte-americano a reconhecer esses atos como genocídio.
Na quarta-feira, um grupo de mais de 100 legisladores, liderados pelo deputado Adam Schiff, enviou uma carta a Biden, pressionando-o a reconhecer o genocídio arménio na sua declaração no próximo sábado. “O vergonhoso silêncio do governo” dos EUA “sobre o fato histórico do genocídio arménio durou muito tempo e deve acabar”, referiram.
As relações entre a Turquia e os EUA deterioraram-se ainda mais em dezembro, quando a Administração do ex-Presidente dos EUA, Donald Trump, impôs sanções contra Ancara pela aquisição de um sistema russo de defesa antimísseis.
A decisão de Biden no sábado servirá como um indicador inicial da abordagem do seu governo em relação ao Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, a quem aquele já descreveu anteriormente como “autocrata”.
Esta semana, o ministro das Relações Externas turco, Mevlut Cavusoglu, indicou que uma declaração formal de genocídio por parte de Biden “prejudicaria ainda mais os laços” entre os dois países.