Biden aprova plano nuclear secreto focado na China. Pequim admite preocupação

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Xinhua / Rao Aimin China Out / EPA

O plano que redefine a estratégia nuclear dos Estados Unidos foi renovado em março e terá um novo enfoque especial na China. Washington acredita que Pequim terá um arsenal nuclear capaz de rivalizar com o americano e o russo até 2035.

Joe Biden aprovou em março um plano secreto que redireciona a estratégia nuclear os Estados Unidos para a China, focando-se em tentar travar a expansão do programa chinês.

A notícia foi avançada pelo New York Times, que refere ainda que o Pentágono acredita que a quantidade e diversidade de armamento nuclear de Pequim será capaz de rivalizar com os Estados Unidos e a Rússia na próxima década. As estimativas do Departamento de Defesa dos EUA apontam para que o arsenal chinês cresça até 1000 em 2030 e 1500 em 2035.

A China também interrompeu as discussões diplomáticas com Washington sobre a melhoria da segurança e redução das tensões nucleares, que incluia questões como avisos mútuos sobre testes iminentes. Em Outubro, os chineses já tinham dado a entender que não estavam interessados em novas conversas, alegando o fornecimento de armas dos Estados Unidos a Taiwan como motivo.

O programa nuclear norte-coreano tem seguido o mesmo rumo, com os Estados Unidos a estimar que já soma mais de 60 armas — e sem sinais de abrandar. A Coreia do Norte já tem assim um arsenal próximo do de Israel ou do Paquistão e poderá em breve ser capaz de coordenar ataques com outros países.

A nova estratégia norte-americana surge num contexto de receios de que outras potências nucleares suas adversárias, como a Rússia, a China, o Irão ou a Coreia do Norte, comecem a atuar em conjunto contra Washington. A proximidade entre a Xi Jinping e Vladimir Putin tem reforçado este receio, assim como os rumores de que o Irão e a Coreia do Norte estão a fornecer armas à Rússia para a guerra na Ucrânia.

Há cerca de um mês, as forças norte-americanas também apanharam bombardeiros russos e chineses a voar juntos perto do espaço áereo do Alasca. As agências de inteligência americanas suspeitam que Moscovo estará a ajudar Teerão e Pyongyang nos seus programas nucleares em troca pela ajuda no conflito com Kiev.

O novo plano foi mantido em segredo total, com a Casa Branca apenas a anunciar que tinha aprovado a revisão da estratégia, denominada “Nuclear Employment Guidance”, algo que acontece de quatro em quatro anos. O programa é tão confidencial que só existem cópias em papel e apenas as chefias mais altas do Pentágono as recebem.

No entanto, dois funcionários da admnistração foram autorizados recentemente a referir publicamente que a China era o novo foco do plano. O diretor sénior do Conselho de Segurança Nacional para o controlo de armas e a não-proliferação, Pranay Vaddi, disse em Junho que a nova estratégia enfatiza “a necessidade de dissuadir simultaneamente a Rússia, a China e a Coreia do Norte”.

Já Vipin Narang, um estratego nuclear do MIT que serviu no Pentágono, avançou neste mês que as novas orientações assinadas por Biden focam-se em particular “no aumento significativo da dimensão e da diversidade” do arsenal nuclear da China.

China está “seriamente preocupada”

Em reação a estas revelações, Mao Ning, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, avança que o país está “seriamente preocupado”.

“A China está seriamente preocupada com o relatório em questão, e os factos provaram plenamente que os Estados Unidos têm constantemente alimentado a chamada ‘teoria da ameaça nuclear da China’ nos últimos anos. Os Estados Unidos estão a vender a narrativa de uma ameaça nuclear da China e a arranjar desculpas para procurar uma vantagam estratégica”, alerta, citada pela Reuters.

A diplomata chinesa também apontou o dedo à hipocrisia dos Estados Unidos, que querem que a China reduza o seu programa nuclear, mas não têm intenções de fazer o mesmo. Ning reforça que a China “não está numa corrida ao armamento com nenhum país” e apela a que Washington “cumpra seriamente a sua responsabilidade em matéria de desarmamento e a reduzir substancialmente o seu arsenal nuclear”.

“A China segue uma política de não utilização prioritária de armas nucleares e adere a uma estratégia nuclear de auto-defesa”, acrescentou Mao, que lembra que Pequim propôs que cinco estados com armas nucleares, incluindo a França e o Reino Unido, fizessem um acordo ou emitissem uma declaração onde se comprometiam a não usar ser os primeiros a usar armas nucleares.

Em resposta à China, Sean Savett, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, desvaloriza a situação e garante que “a orientação emitida no início deste ano não é uma resposta a qualquer entidade, país ou ameaça”.

“As orientações mais recentes baseiam-se no que foi emitido pelas administrações anteriores – há muito mais continuidade do que mudança”, refere.

Adriana Peixoto, ZAP //

2 Comments

  1. Por enquanto a guerra nuclear global não nos ameaça. Falando sobre o período atual, Jesus declarou: “Com certeza depois, você certamente depois ouvireis de guerras e os sons das guerras sendo travadas [este é o anúncio da Terceira Guerra Mundial]; olhai, não vos assusteis, porque todas as coisas devem ser cumpridas, mas ainda não é o cumprimento [do sinal = uma guerra nuclear global].” (Mateus 24:6)
    Jesus Cristo referiu-se à profecia de Daniel: “No tempo designado [o rei do norte] voltará [As tropas russas voltarão para onde estavam anteriormente estacionadas. Isto não se aplica apenas à Ucrânia. A União Europeia e a NATO vão desmoronar-se. Muitos países do antigo bloco de Leste voltará à aliança militar com a Rússia]. E entrará no sul [este será o início de uma guerra nuclear], mas não serão como antes [isso se refere à Segunda Guerra Mundial] ou como mais tarde [isso se refere à Terceira Guerra Mundial. A ação militar atual não levará a uma guerra nuclear global. Esta guerra só começará após o retorno do rei do norte, e por causa do conflito étnico], porque os habitantes das costas de Quitim [o distante Ocidente, ou para ser mais preciso, os americanos] virão contra ele, e (ele) se quebrará [mentalmente], e voltará atrás”. (Daniel 11:29, 30a)
    Este será um abate mútuo. A “poderosa espada” também será usada. (Apocalipse 6:4)
    Esse não será o Armagedom. Mas todas essas coisas serão apenas como as primeiras dores de um parto. (Mateus 24:8; cf. Isaías 5:24, 25)

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