Serviço vai estar permanentemente disponível e é grátis para todos os inscritos nas bibliotecas municipais públicas. Catálogo inicial é constituído por uma coleção nacional de 1.500 títulos. Mas a iniciativa tem problemas, avisa a APEL.
Um novo serviço das bibliotecas públicas, que permite o acesso gratuito, através de uma plataforma, a livros digitais e audiolivros em todo o país, fica disponível online a partir das 15:00 desta segunda-feira, numa iniciativa da Direção-Geral do Livro.
Designada BiblioLED, esta biblioteca pública digital destina-se a todos os utilizadores inscritos nas bibliotecas municipais integradas na Rede Nacional de Bibliotecas Públicas (RNBP).
O serviço vai estar permanentemente acessível — 24 horas por dia, sete dias por semana — por meio de smartphones, tablets, leitores online e e-readers, a partir de qualquer lugar, sendo possível ajustar o modo de leitura, modificando o tipo e o tamanho da letra, o espaçamento entre linhas e a cor do fundo.
Para aceder, basta ao leitor estar inscrito numa biblioteca municipal da RNBP, que tenha aderido ao serviço da BiblioLED. A requisição vai estar disponível aqui.
Antes de qualquer empréstimo, o utilizador pode pré-visualizar o livro para avaliar o interesse do seu conteúdo e também pode “reservar” um livro que não esteja disponível, sendo notificado por e-mail assim que volte a estar disponível.
Um guia de perguntas e respostas está disponível online, aqui, para esclarecer dúvidas sobre o novo serviço.
1.500 títulos vão “fomentar os hábitos de leitura”
O objetivo deste novo serviço é “fomentar os hábitos de leitura, promover serviços de qualidade nas bibliotecas municipais, promover a literacia digital e facilitar o acesso a livros digitais e audiolivros, em complemento ao serviço presencial já oferecido pelas 445 bibliotecas”, de acordo com a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB).
O catálogo inicial é constituído por “uma coleção nacional de 1.500 títulos disponibilizada a todas as bibliotecas da RNBP e por 25 coleções regionais apenas acessíveis aos utilizadores em cada Rede Intermunicipal e Rede Metropolitana de Bibliotecas”.
Os conteúdos disponíveis, em formato de livro digital e de audiolivro, com títulos de ficção e não ficção, são maioritariamente em língua portuguesa. A plataforma de livros eletrónicos destina-se a leitores de todas as idades e procura proporcionar “boas experiências de leitura a crianças, jovens e adultos”, de acordo com a informação da página.
O projeto tem um financiamento de cerca de 900 mil euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Iniciativa “pode prejudicar as livrarias independentes”
A iniciativa “acarreta riscos significativos para o setor editorial e livreiro, comprometendo objetivos fundamentais como a promoção da leitura e o acesso equilibrado a conteúdos de qualidade, assim como a incapacidade de cumprir o papel complementar que a rede de bibliotecas tem com o sector livreiro”, avisa a APEL em comunicado citado pela TimeOut, que aponta dois grandes problemas.
Um deles é o facto de a seleção dos conteúdos disponíveis estar nas mãos de uma entidade estrangeira, resultando no “desconhecimento do mercado e especificidades do leitor português”. O outro é o facto de os editores serem forçados a pagar taxas adicionais.
Mas o novo serviço também pode ter “impacto na cadeia de valor do livro”, alerta a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros.
“A plataforma, sem ter assegurado a complementaridade com os livros físicos a partir de um modelo equilibrado de licenciamento, pode prejudicar as livrarias independentes e limitar o acesso sustentável ao livro”. Por fim, referem-se ainda problemas ao nível da “segurança e direitos de autor”.
ZAP // Lusa /