Benjamin Button da vida real. Estranha criatura marinha envelhece ao contrário

A espécie Mnemiopsis leidyi, uma estranha gelatina marinha, reverte ao seu estado de larva quando é exposta a fatores de stress.

O envelhecimento pode ser uma parte inevitável da vida dos seres humanos, mas descobertas recentes mostram que certas criaturas marinhas têm uma forma notável de contornar este processo.

Num estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences descobriram que a espécie Mnemiopsis leidyi possui a rara capacidade de reverter o seu processo de envelhecimento, transformando-se efetivamente num estado mais jovem.

Este facto coloca-as ao lado da Turritopsis dohrnii, conhecida como a “medusa imortal”, como uma das poucas espécies capazes de um “envelhecimento para trás” tão notável.

A descoberta, liderada por Joan J. Soto-Angel e Pawel Burkhardt, surgiu quando uma medusa adulta no laboratório de Soto-Angel se transformou misteriosamente numa forma larvar.

Para investigar, a equipa expôs a M. leidyi adulta a várias condições de stress, como a fome e pequenos ferimentos físicos.

Surpreendentemente, dos 65 espécimes testados, 13 voltaram inteiramente à sua fase larvar, caracterizada pelos seus corpos arredondados, dois tentáculos e anatomia simplificada – caraterísticas típicas das larvas de cidípedes, explica o IFLScience.

“Encontrámos uma espécie que funciona como uma ‘máquina de viajar no tempo‘, o que levanta questões interessantes sobre o grau de generalização desta capacidade em diferentes formas de vida”, afirmou Soto-Angel.

As gelatinas, ou ctenóforos, representam uma das mais antigas linhagens animais conhecidas, existindo há cerca de 700 milhões de anos. As suas origens antigas tornam intrigante a possibilidade de o envelhecimento invertido poder ter evoluído cedo no reino animal.

Ao observar a transformação, Soto-Angel notou que as larvas revertidas exibiam não só mudanças físicas, mas também comportamentais, adoptando os hábitos alimentares típicos das larvas de cidípedes.

Sete outras gelatinas apresentaram reversão parcial, com os seus corpos a adotarem algumas caraterísticas larvares mas mantendo elementos da idade adulta, o que sugere um mecanismo de envelhecimento complexo e adaptável.

As implicações desta investigação vão para além de uma simples curiosidade invulgar; poderá abrir portas a uma compreensão biológica mais profunda do envelhecimento e do desenvolvimento.

“Descobrir os mecanismos moleculares que conduzem a este desenvolvimento inverso, especialmente o seu impacto na rede nervosa do animal, será um próximo passo fascinante”, afirmou Burkhardt.

ZAP //

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