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Benfica 2-1 Santa Clara | “Águia” sofrível arranca vitória a ferros

Foi com muito sofrimento à mistura que o Benfica alcançou uma vitória arrancada a ferros, a culminar mais uma exibição que deverá ter deixado Jorge Jesus com mais cabelos brancos.

Na 29ª jornada da Liga NOS, o triunfo sorriu ao emblema da Luz por 2-1, na recepção ao Santa Clara, mas a forma como os ilhéus chegaram a banalizar os “encarnados”, com um futebol envolvente, agressivo, organizado e dinâmico, que apenas pecou no momento da finalização, merecia outro resultado. Carlos Júnior (na própria baliza), Anderson Carvalho e Chiquinho foram os marcadores de serviço no final da tarde desta segunda-feira no Estádio da Luz. 

O jogo explicado em números

  • Weigl e Everton foram novidades nas escolhas iniciais de Jorge Jesus, em sentido inverso Gabriel (a cumprir um jogo de castigo) e Taarabt (problemas físicos) ficaram de fora, comparativamente com o “onze” que defrontou o Portimonense. Do lado açoriano, que empatou ante o Moreirense, Fábio Cardoso (castigado) foi substituído por João Afonso.
  • Aos 11 minutos o perigo já tinha rondado as duas balizas. Allano foi o autor dos dois remates desenquadrados dos visitantes e Carlos Júnior obrigou Helton Leite a mostrar reflexos. Everton e Pizzi protagonizaram os lances por parte dos donos da casa, que tentavam assumir as despesas do encontro diante de um opositor que era agressivo a defender e tentava atacar de forma rápida e objectiva.
  • Numa fase em que o Santa Clara dominava e ia desperdiçando algumas boas situações de perigo, foi o Benfica a inaugurar o marcador numa rara aparição na área adversária. Everton centrou e Carlos Júnior, com as coordenadas trocadas, cabeceou em direcção à baliza açoriana e apontou um autogolo, decorria o minuto 26. 
  • Em cima dos 30 minutos, Seferovic fez o mais difícil e desperdiçou flagrante ocasião para ampliar a vantagem na sequência de um cruzamento bem gizado por Diogo Gonçalves. Na resposta, Carlos Júnior cabeceou e levou perigo à baliza “encarnada”. Os números diziam que a equipa de Daniel Ramos já tinha seis remates (dois enquadrados), face aos quatro das “águias” (todos desenquadrados), que tinham 60% da posse. Helton Leite, com duas intervenções importantes, era a unidade em destaque nesta fase da partida, com um rating de 6.2.
  • Intervalo Os primeiros 47 minutos de acção na Luz poderão ser vistos de dois prismas. Para os lisboetas, a vantagem de um 1-0 era muito melhor do que a exibição e praticamente caiu do céu, face a mais uma prestação cinzenta que colocou a nu as diversas maleitas que a formação tem apresentado ao longo de toda a época – falta de pressão, pouca dinâmica e imaginação na construção dos lances ofensivos e muita descoordenação entre sectores. Na outra face da moeda, estavam os açorianos que desde os instantes iniciais demonstraram ao que vinham, conseguiram a pressionar a primeira fase de construção contrária, eram cirúrgicos e objectivos sempre que tinham a bola e apenas pecaram na finalização e na mira trocada de Carlos Júnior. Helton Leite, com duas defesas, 100% de acerto nos 12 passes feitos e 23 acções com a bola, era o melhor em campo com GoalPoint Rating de 6.2. Anderson Carvalho, autor de dois passes para finalização, cinco recuperações de bola e quatro desarmes, era o melhor homem do Santa Clara.
  • No regresso, a toada prosseguiu e só dava Santa Clara, que ameaçou em duas ocasiões, primeiro por intermédio de Cryzan (53′),  pouco depois foi Anderson (54′) a atirar ao lado. Aos 56 minutos, Otamendi falhou em zona proibitiva, mas Carlos Júnior não foi a tempo de rematar e, aos 60, Helton voou e impediu o empate por parte de Rafael Ramos.
  • A falta de agressividade sobre o portador da bola por parte dos vice-campeões nacionais acabava por estender uma espécie de passadeira no corredor central que os açorianos iam aproveitando para dominar: tinham 12 remates (quatro enquadrados), face aos sete (nenhum no alvo) por parte dos da casa, que na etapa complementar ainda não tinham visado a baliza dos forasteiros.
  • Aos 62 minutos, e sem qualquer tipo de surpresa, o Santa Clara alcançou o merecido golo que tanto procurou. A pressão alta funcionou na perfeição, Lincoln bloqueou um passe de Otamendi, a bola sobrou para Cryzan que centrou e Anderson Carvalho atirou com precisão para o fundo das redes benfiquistas. Foi o 14º remate dos visitantes contra sete do Benfica.
  • Contra a corrente, o Benfica voltou a colocar-se na liderança do marcador na primeira vez que enquadrou um remate no alvo: Rafa arrancou, Diogo Gonçalves centrou e Chiquinho, de primeira, com o pé esquerdo, rematou de forma certeira para carimbar o 2-1 à passagem do minuto 73. Foi o segundo golo do médio na prova e o quarto no decurso da temporada, já Diogo Gonçalves chegou à quinta assistência no campeonato.
  • A dez minutos dos 90, Diogo Gonçalves voltou a oferecer um golo em bandeja, mas nem Seferovic, nem Darwin lograram chegar à bola, e cinco minutos volvidos, Pedrinho falhou o alvo, finalizando uma das melhores acções que a equipa da Luz conseguiu criar. Aos 88, Darwin definiu mal uma jogada que poderia ter terminado de outra forma.
  • Já em período de descontos, Nené ameaçou o empate, mas Helton Leite, a dois tempos, travou a investida açoriana. Dos 16 remates do conjunto de São Miguel, sete levaram a direcção da baliza.
  • Os “encarnados” conseguiram aproveitar o triunfo para dilatar a vantagem na corrida pelo terceiro lugar. Por sua vez, o Santa Clara, que sofre golos fora de casa há 14 jornadas consecutivas, e apenas venceu uma vez nas últimas seis rondas da competição.

O melhor em campo GoalPoint

Óptima “performance” de Anderson Carvalho, que ordenou as iniciativas da equipa e brilhou a grande altura. Sempre de cabeça levantada, foi o “maestro” dos açorianos. Marcou um tento num dos dois remates que fez, delineou dois passes para finalização, acertou 80% dos passes feitos (24 certos em 30 tentados), recuperou a posse em nove ocasiões, fez seis desarmes e amealhou quatro acções defensivas no meio-campo do Benfica. Fruto de tudo o que foi descrito, o médio foi o MVP da partida com GoalPoint Rating de 7.6.

Miguel A. Lopes / Lusa

Jogadores em foco

  • Diogo Gonçalves 7.1 – Uma espécie de oásis no deserto de ideias benfiquista. Mais uma vez, o internacional sub-21 esteve envolvido em quase todas as acções perigosas da equipa, demonstrando que é uma das unidades em melhor forma da equipa neste período da temporada. Desta feitas ofereceu o 2-1 a Chiquinho, realizou mais outros dois passes para finalização que Seferovic e Darwin não conseguiram aproveita e recuperou a bola em cinco oportunidades.
  • Helton Leite 6.9 – Trabalho não faltou ao guardião face à avalancha de ocasiões criadas pelos contrários. Das seis intervenções que fez, quatro foram de elevado grau de dificuldade. Na retina, a forma como negou o 1-1 a Rafael Ramos perto dos 60 minutos.
  • Lincoln 6.2 – Um médio a pedir outros patamares. Muita qualidade imprimida pelo brasileiro, que foi um dos principais dínamos do Santa Clara. A destacar, os três passes para finalização, oito recuperações feitas, 44 acções com o esférico e a forma como acreditou e roubou a bola a Otamendi na jogada que culminou no 1-1. A melhorar os quatro maus controlos de bola que teve.
  • Chiquinho 6.2 – Um remate, um golo de belo efeito e uma ajuda preciosa à formação “encarnada” numa fase em que os homens de JJ estavam à deriva. Em apenas 33 minutos, o médio voltou a demonstrar que merece mais oportunidades entre as primeiras escolhas.
  • Allano 5.8 – Enquanto teve “pilhas”, foi um pesadelo à solta na Luz, rápido e vertical, esteve em todo o lado e baralhou as contas aos defensores adversários. As sete faltas que sofreu – máximo na partida – atestam isso mesmo. Saiu aos 77 minutos completamente esgotado.
  • Otamendi 4.7 – Recuperou a bola em seis ocasiões, as mesmas em que perdeu o esférico, e ficou umbilicalmente ligado ao golo açoriano. Exibição sofrível do experiente defesa-central.

GoalPoint

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