Caso do bebé sem rosto destapa suspeitas de fraude ao SNS

A Polícia Judiciária (PJ) fez buscas a um grupo privado de saúde por suspeitas de fraude ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) numa investigação que foi iniciada pelo caso do “bebé sem rosto” que nasceu, em 2019, com graves malformações.

As buscas visaram o grupo Clara Saúde que será proprietário da clínica Ecosado, em Setúbal, onde foram realizadas as ecografias à mãe do “bebé sem rosto”, não tendo sido detectadas as anomalias graves com que a criança nasceu.

O bebé nasceu, em Setúbal, em 2019, sem olhos, sem nariz e sem parte do crânio. O obstetra Artur Carvalho que fez as ecografias à mãe do bebé na clínica Ecosado, em Setúbal, nunca detectou nenhuma anomalia.

A mãe tinha sido encaminhada para a Ecosado pelo seu centro de saúde, uma vez que teria acordo com o SNS e, assim, poderia realizar os exames sem os pagar.

Mas, afinal, a Ecosado nunca teve qualquer convenção com o SNS, apurou a investigação, conforme destaca o Público.

Um inquérito realizado pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) já tinha detectado que os exames que se faziam nesta clínica eram “facturados ao Estado através de outra clínica“.

Desse modo, o MP investigou o caso e há suspeitas de fraude ao SNS.

As buscas realizadas nesta quarta-feira levaram à apreensão de documentos e ficheiros informáticos, bem como de requisições médicas e emails, segundo o Público.

A este jornal, a Clara Saúde nega qualquer ilegalidade, alegando que a sua relação com a Ecosado se deve apenas “à circunstância de uma das empresas do grupo possuir uma participação minoritária, constituída por duas quotas no valor de 714,29 euros cada, na empresa proprietária daquela clínica”.

“Todos os exames cobrados ao SNS foram objecto de prévia prescrição médica, feitos por profissionais qualificados, em instalações licenciadas, pelo que nunca existiu qualquer irregularidade ou prejuízo financeiro para o erário público”, assegura ainda a Clara Saúde.

ZAP //

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