A barragem de Campilhas, em Setúbal, está a apenas a 3% da sua capacidade e é a que está na situação mais crítica em todo o país. A falta de precipitação e a falta de medidas estruturais para se diminuir o desperdício de água são os dois fatores por trás deste problema.
Um modelo matemático feito pela rádio Renascença prevê que até 2024 quatro albufeiras portuguesas possam ficar completamente secas — Alto Lindoso (Viana do Castelo), Alto Rabagão (Vila Real), Bravura (Faro) e Campilhas (Setúbal).
Estas estimativas preveem que nada seja feito para se combater a seca e que os níveis de precipitação se mantenham quase nulos, mas ainda é possível impedir que este cenário se concretize.
Segundo os dados do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos citados pela Renascença, a barragem de Campilhas é a que está na situação mais crítica, estando apenas a 3% da sua capacidade. Em segundo está a da Bravura, com 9% da capacidade, seguindo-se o Alto Lindoso (19%) e a do Alto Rabagão (20%).
Rodrigo Proença de Oliveira, doutorado em Engenharia Civil do Ambiente, explica esta situação resulta de uma “tendência genérica de diminuição da precipitação, sobretudo no sul do país, que resulta muito das alterações climáticas“.
O especialista aponta que “há algumas barragens em que foi proibida a produção de energia, outras em que foi proibida o uso da água para rega”, mas lembra que “ainda há muito desperdício” e que tem de se “melhorar em muito a eficiência hídrica”. Apostar em métodos alternativos, como a dessalinização, também é uma boa opção.
Já Sara Serrão, da plataforma Juntos Pelo Sudoeste, aponta o dedo ao desperdício de água na agricultura intensiva. “A agricultura intensiva tem tarifas de água que não se comparam com as tarifas de consumo doméstico, mas são estas últimas que vão aumentar. Toda a gente, todos os setores têm de poupar“, sublinha.