A atitude intransigente de LaLiga pode ter originado o anúncio da saída do argentino. Aguardam-se novos capítulos.
Eis que, já na reta final dos Jogos Olímpicos de Tóquio, uma notícia no mundo desportivo desviou o foco: a saída de Lionel Messi do Barcelona. Já poderia ter acontecido no ano passado, poderia acontecer agora, a renovação estava perto mas, de repente, o Barcelona anunciou a despedida da sua maior figura de sempre.
No comunicado, o clube catalão confirma os rumores dos últimos tempos e informa que chegou a acordo com o argentino. Havia vontade, dos dois lados, para que o contrato fosse renovado (Messi é jogador livre desde o dia 30 de junho deste ano). No entanto, “obstáculos económicos e estruturais“, ou seja, as regras da Liga espanhola, impediram a assinatura do novo contrato. “As duas partes lamentam profundamente que finalmente não se possam cumprir os desejos tanto do jogador como do clube“, lê-se ainda.
Tudo isto vai de encontro ao que tem sido explicado ao longo deste verão: o Barcelona tem de mudar o seu cenário financeiro. Às dificuldades económicas evidentes, admitidas pelo próprio presidente, acrescentou-se há um mês a proibição de inscrever jogadores, por causa dos valores dos salários dos seus reforços, que ultrapassam os limites impostos por LaLiga. Aliás, ainda hoje Emerson Royal, Sergio Agüero e Memphis não têm número de camisola atribuído, como se pode confirmar no site oficial do clube, porque não estão inscritos no campeonato espanhol. O fair-play financeiro não permite estas três inscrições.
Portanto, pode realmente ter havido acordo parcial entre jogador e clube (Messi estaria convencido de que iria continuar na Catalunha, segundo diversos jornais), mas o salário do argentino ditou este desfecho.
Uma estratégia?
No entanto, também pode ter havido aqui uma “jogada” por parte da direção do Barcelona.
Há dois aspectos algo estranhos no comunicado que anuncia a saída de Messi. Primeiro, a própria notícia; já que o presidente Joan Laporta disse pouco antes que a renovação estava próxima. Segundo, o tamanho e o tom do comunicado; muito curto e muito “seco”, tendo em conta que se trata de Messi.
E as redes sociais aumentam as dúvidas: na noite desta quinta-feira, horas depois da divulgação oficial da despedida, ainda nenhum futebolista do Barcelona tinha escrito sobre esta novidade. Nenhum colega de equipa de Messi se tinha despedido publicamente do seu número 10.
Surge então a possibilidade de este comunicado ter sido uma estratégia de Laporta, para pressionar a LaLiga. O presidente catalão já afirmou publicamente que pediu mais flexibilidade à LaLiga, no que diz respeito ao seu regulamento financeiro, para poder inscrever os reforços e assegurar a continuidade do argentino. A entidade nunca cedeu.
Assim, este anúncio pode ser uma forma mais visível e mais pública de pressão, para que haja uma mudança de postura por parte dos responsáveis da Liga espanhola – que no fundo também preferem que Lionel Messi continue em Espanha.
E o famoso comunicado foi publicado no dia seguinte ao anúncio de uma injeção de 2,7 mil milhões de euros de capital de risco no principal campeonato espanhol de futebol, por parte da empresa CVC Capital Partners. Um valor que deverá aliviar as contas dos clubes.
E Messi?
No meio destas possibilidades, falta saber oficialmente a reação do próprio Lionel Messi.
O argentino terá ficado surpreendido com esta notícia mas não deve estar à espera de uma reviravolta agora. O avançado já demonstrou que não gosta de “danças”, dos “vai e vem” na sua vida: quando disse (várias vezes) que queria jogar no Barcelona para sempre, assinou novos contratos; mas quando quis sair, informou diretamente o Barcelona que ia sair.
Por isso, a esta altura, Messi e sua família já estarão à procura de uma casa nova.
Em França? Inglaterra? Na sua Argentina?