O Benfica empatou sem golos na visita ao Barcelona, mas bem pode amaldiçoar as perdidas em frente à baliza por não ter saído de Nou Camp com o triunfo e o apuramento quase consumado.
O Barça foi dominador, teve mais bola, mais remates, foi, de uma forma global, mais perigoso, mas os comandados de Jorge Jesus criaram lances para marcar, chegaram a facturar por Otamendi (anulado) e, no último suspiro, Haris Seferovic fez o impossível, atirando ao lado sem ninguém na baliza.
Um falhanço que, caso os resultados da última jornada não satisfaçam as “águias” – vitória em casa com o Dynamo Kyiv e perda de pontos do Barça em Munique – a passagem aos oitavos-de-final cai por terra. Uma oportunidade de ouro para vencer em Barcelona que os “encarnados” desperdiçaram.
Emoção não faltou na primeira metade e os golos poderiam ter surgido dos dois lados.
Yaremchuk (34′) teve na cabeça o 1-0, com um “salto de peixe” e remate de cabeça para defesa incrível de Marc-André Ter Stegen, a seguir, Nicolás Otamendi (35′) marcou um grande golo, mas o lance foi anulado porque, segundo a equipa de arbitragem, a bola descreveu um arco e saiu, no canto batido por Everton.
O Barça também teve as duas hipóteses, com Vlachodimos a negar golo e Jordi Alba (27′) e Yusuf Demir (42′) a acertar na barra.
O Benfica entrou com o seu figurino habitual, com André Almeida a fazer de central do lado direito e Yaremchuk na frente de ataque, surpreendendo quem apostava na velocidade de Darwin Núñez, que ficou no banco.
Assim faltou “pique” de velocidade às “águias” no contra-ataque, ao mesmo tempo que a subida dos laterais Grimaldo e Gilberto abria espaços para a exploração dos extremos do Barça.
Nico González 7.1 era o MVP ao intervalo, com duas flagrantes criadas, o melhor do Benfica era Otamendi 6.5, com três intercepções e um corte decisivo.
No segundo tempo o Benfica continuou a surgir amiúde com perigo, mas com as substituições os portugueses foram perdendo o controlo das operações a meio-campo, e só com algumas arrancadas de Darwin (entretanto entrado para o lugar de Yaremchuk) conseguia importunar os catalães.
Os últimos minutos foram muito complicados para os “encarnados” e, aos 84 minutos, Ronald Araújo marcou, mas o lance foi anulado por fora-de-jogo, mas a melhor ocasião surgiu no último ataque. Pizzi isolou Haris Seferovic, este picou a bola por cima de Ter Stegen e, sem ninguém na baliza… atirou ao lado. Inacreditável.
Melhor em Campo
Um jogo de uma vida. Nicolás Otamendi fez uma partida sublime em Barcelona, que só não lhe deu direito a lutar pela nota máxima, porque, por centímetros, a bola saiu das quatro linhas antes de o argentino fazer um grande golo, que acabou anulado.
Tem esse lance contado e a nota de Otamendi teria chegado lá acima, ainda assim atingiu extraordinários 8.5 nos GoalPoint Ratings.
No ataque fez dois passes para finalização, mas foi a defender que brilhou, com nove recuperações de posse, três desarmes, cinco intercepções, oito alívios, três bloqueios de remate e um corte decisivo. Não cometeu um único erro.
Destaques do Barcelona
Sergio Busquets 7.8 – O médio catalão não teve muita gente na sua área de acção, pelo que acabou por ter condições para realizar uma bela partida. Aos três passes para finalização, um de ruptura e 76 completos (máximo do jogo) juntou alguns valores mais altos do embate, como 111 acções com bola, 14 recuperações de posse, quatro acções defensivas no meio-campo contrário e cinco desarmes.
Nico González 7.4 – O jovem de 19 anos foi um problema constante para a defesa benfiquista, com a sua velocidade e mudanças de direcção imprevisíveis. Ao todo criou duas ocasiões flagrantes em quatro passes para finalização, atingindo Expected Assists (xA) de 0,8, somou oito passes ofensivos valiosos, completou três de quatro tentativas de drible, fez sete conduções aproximativas e ainda oito recuperações de posse.
Ronald Araújo 6.5 – Excelente jogo do central, a defender, mas também a atacar – fez mesmo um golo, anulado por fora-de-jogo. Destaque para três duelos aéreos defensivos ganhos e cinco desarmes, máximo a par de Busquets e André Almeida.
Destaques do Benfica
Vlachodimos 6.2 – Exibição de grande qualidade do grego, que fez “só” três defesas, todas a remates na grande área, mas duas delas quase valeram um golo.
Gilberto 6.0 – Um jogo de sacrifício do brasileiro, que fez todo o corredor “encarnado” e terminou a partida exausto. O lateral foi o segundo jogador em recuperações de posse (11) igualando o máximo de intercepções (5) e de acções defensivas no meio-campo contrário (4), demonstrativo das zonas bem adiantadas onde se aventurou.
Vertonghen 5.8 – Outra exibição positiva, perante a pressão do Barça. O belga acertou seis de 11 passes longos e fez cinco acções defensivas.
Julian Weigl 5.4 – Um pouco como João Mário, andou defensivamente um pouco “aos papéis”, pois o Barcelona colocava os dois médios mais ofensivos, bem como os extremos e mesmo Memphis Depay, muitas vezes na zona de ambos. Ainda assim fez seis recuperações de posse e um bloqueio de remate.
Haris Seferovic 5.4 – O que dizer do suíço? Acaba por ter nota positiva, pois em 13 minutos fez dois remates (ninguém somou mais, mas seis igualaram). Mas aquele desperdício no final…
João Mário 5.3 – Viveu os mesmos problemas de Weigl, sem saber para onde se virar perante tanto adversário na sua zona de acção. Ainda assim errou apenas um de 23 passes, fez quatro recuperações de posse e dois desarmes.
Yaremchuk 5.2 – Também o ucraniano desperdiçou uma flagrante, na primeira parte, com Ter Stegen a negar-lhe o golo de cabeça. O atacante benfiquista foi um dos que somou dois remates, e enquadrou ambos, sendo o único a fazê-lo.
Valentino Lázaro 5.1 – Foi lançado para refrescar o lado esquerdo e para ajudar a travar Dembélé, que entrou “com as pilhas todas”. Cumpriu sem deslumbrar.
Darwin Núñez 5.1 – A defesa catalã teve muitos problemas para lidar com a velocidade do uruguaio, que entrou para a última meia-hora e somou três conduções aproximativas e duas super aproximativas. Mas a verdade é que Darwin acabou por não definir bem os seus lances, apesar das quatro acções com bola na área contrária.
André Almeida 5.0 – O “patinho feio” voltou a cumprir defensivamente, somando o máximo de desarmes, a par de Busquets e Araújo, mas falhou nove passes de risco, máximo do jogo.
Resumo
// GoalPoint