A planta Ensete ventricosum, nativa da Etiópia, pode ajudar a salvar vidas diante do problema cada vez mais emergente das alterações climáticas.
Um estudo publicado na Environmental Research Letters indica que esta “banana falsa” tem o potencial para alimentar mais de 100 milhões de pessoas num mundo afetado pelo aquecimento global.
A Ensete ventricosum constitui a base da alimentação de 20 milhões de pessoas no sudeste da Etiópia, mas não é muito cultivada noutros locais do mundo.
No entanto, várias pesquisas sugerem que a planta pode ser cultivada numa área muito maior na África, uma vez que outras espécies selvagens da mesma família, que não são consideradas comestíveis, crescem até ao sul do continente.
“É uma cultura que pode desempenhar um papel muito importante na segurança alimentar e no desenvolvimento sustentável”, disse Wendawek Abebe, da Universidade Hawassa, na Etiópia, à BBC.
Num clima de seca extrema, a planta é capaz de viver sete anos sem água. Além de atingir a maturação em cinco anos, cresce até 12 metros e tem potencial para se expandir e alimentar 100 milhões de africanos.
Apesar de o fruto não ser comestível, os caules e raízes podem ser usados para fazer papas e pão. A Ensete ventricosum pode, assim, aumentar a segurança alimentar na Etiópia e em outros países africanos, como o Quénia, o Uganda e o Ruanda.
“Tem características realmente incomuns, que a tornam absolutamente única como cultura. Pode ser plantada a qualquer hora e colhida da mesma forma. E por isso lhe chamam ‘árvore contra a fome‘”, disse o investigador James Borrell, do Royal Botanic Gardens.
A Etiópia é um importante centro de testagem de plantações de diversas espécies em África, além de ser o lar do café e de muitas outras culturas.
Tendo em conta o problema cada vez mais emergente das alterações climáticas, que podem vir a afetar seriamente a distribuição das plantações em todo o mundo, há um interesse crescente na procura de novas plantas para alimentar o mundo.