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As bactérias do pó da cama podem tornar os bebés mais saudáveis

Investigadores da Universidade de Copenhaga descobriram uma ligação entre os micro-organismos que vivem no pó das camas dos bebés e o microbioma das próprias crianças.

As nossas camas estão repletas de vida microbiana, invisível ao olho humano, que pode afetar o modo como os micro-organismos se desenvolvem no nosso corpo, nos primeiros anos de vida.

De acordo com a Futurity, a correlação sugere que os micro-organismos podem afetar a forma como nos tornamos resilientes a várias doenças, reduzindo o risco de uma criança desenvolver asma, alergias e doenças autoimunes quando crescer.

Um estudo publicado recentemente, cujo objetivo foi determinar quais os factores ambientais que afetam a composição dos micro-organismos no pó da cama e a relação entre eles e as bactérias nas vias respiratórias das crianças, analisou amostras do pó da cama de 577 bebés antes de as comparar com amostras respiratórias de 542 crianças.

“Vemos uma relação entre as bactérias que encontramos no pó das camas e as que encontramos nas crianças. Embora não sejam as mesmas, é uma descoberta interessante que sugere que essas bactérias se afetam umas às outras. Pode vir a ter um impacto na redução dos riscos de asma e alergia no futuro”, disse Søren J. Sørensen, autor principal do artigo e professor do departamento de biologia da Universidade de Copenhaga.

Já se sabia que uma grande diversidade de micro-organismos em casa contribui para o desenvolvimento da resistência de uma criança a uma série de doenças e alergias – e as camas podem ter muitas bactérias, fungos microscópicos e outros micro-organismos.

“Sabemos que os micro-organismos que vivem dentro de nós são importantes para a nossa saúde, no que diz respeito à asma e às alergias por exemplo, mas também relativamente à diabetes [tipo 2] e à obesidade. Mas, para melhorar o tratamento destas doenças, precisamos de entender os processos pelos quais os micro-organismos surgem durante os primeiros estágios da vida. E parece que a cama desempenha um papel”, diz Sørensen.

Além disso, o investigador considera que “a troca constante de lençóis pode não ser necessária”, mas que o assunto ainda precisa de ser aprofundado para ter a certeza.

Morar no campo pode ser mais benéfico

Os investigadores encontraram 930 tipos diferentes de bactérias e fungos no pó recolhido das camas de bebés com cerca de seis meses de idade e descobriram que a riqueza de bactérias dependia muito do tipo de habitação de onde foi recolhida a amostra.

Além disso, entenderam que as casas rurais tinham níveis significativamente mais elevados de bactérias em comparação com os apartamentos de zonas citadinas.

“Vários estudos mostram que os moradores das cidades têm uma flora intestinal menos diversificada do que as pessoas que vivem em ambientes mais rurais. Isso normalmente é atribuído ao facto de passarem mais tempo ao ar livre e terem mais contacto com a natureza. O nosso estudo demonstra que as mudanças na flora bacteriana da poeira da cama também podem ser uma razão importante para isso”, diz Sørensen.

Animais de estimação, irmãos mais velhos e viver numa zona rural são factores que contribuem para reduzir o risco de desenvolver doenças autoimunes. Mas, agora, os autores pretendem investigar mais a fundo a relação entre as diferenças na flora bacteriana do pó da cama e o desenvolvimento de doenças, como asma e alergias.

ZAP //

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