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“Bactérias num chip” ingeríveis para diagnosticar doenças gastrointestinais

Investigadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts desenvolveram um sensor ingerível, com bactérias modificadas geneticamente que podem diagnosticar hemorragias no estômago e outros problemas gastrointestinais.

A abordagem “bactérias num chip” combina sensores feitos com células vivas e componentes eletrónicos de muito baixa potência, que convertem a resposta bacteriana num sinal wireless que pode ser lido por um telemóvel.

“Combinando sensores biológicos modificados com componentes eletrónicos de muito baixa potência podemos detetar sinais biológicos no corpo e quase em tempo real ter novas capacidades de diagnóstico para aplicações de saúde no ser humano”, disse Timothy Lu, professor do Instituto.

De acordo com o estudo, publicado na edição de 24 de maio da Science, os investigadores criaram sensores que respondem a uma componente do sangue (heme) e outros que podem responder a uma molécula que é um marcador de inflamações.

O objetivo passa por contornar um procedimento “desnecessário” ingerindo apenas uma cápsula”, disse Mark Mimee, autor do estudo. Atualmente, se há uma suspeita de sangramento devido a uma úlcera gástrica é necessário fazer uma endoscopia, que muitas vezes é feita através de sedação.

Na última década, os biólogos fizeram grandes progressos no uso de bactérias para responder a estímulos, como poluentes ambientais ou marcadores de doenças.

De modo a tornar essas mesmas bactérias mais úteis em aplicações do mundo real, os investigadores do MIT decidiram combiná-las com um chip eletrónico que pode traduzir a resposta das bactérias num sinal wireless. A ideia é “empacotar” as células bacterianas num dispositivo que as libertaria à passagem pelo estômago.

Os primeiros sensores ingeríveis foram testados em porcos e mostraram que podem determinar corretamente se há algum sangue presente no estômago.

Segundo os investigadores o sensor pode ser projetado para ser usado apenas uma vez ou para permanecer no aparelho digestivo durante vários dias ou mesmo semanas, enviando sinais continuamente.

Os investigadores procuram agora reduzir o tamanho do sensor e estudar quanto tempo as células bacterianas podem sobreviver no aparelho digestivo. E esperam também desenvolver sensores para outras situações gastrointestinais além do sangramento.

ZAP // Lusa

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