Avô matou a neta para se vingar da falta de atenção da filha

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Estela Silva / Lusa

Olegário Borges, de 69 anos, matou a neta Lara, de sete anos, em casa, no Bairro da Icesa, em Vialonga, na madrugada de segunda para terça-feira. De acordo com a mãe da menina, o avô tinha ciúmes do seu novo namorado, que a levava a estar fora de casa durante muito tempo.

O Jornal de Notícias avançou que, ao chegar ao local do crime, a mãe de Lara deparou-se com o corpo do filha, a casa revirada e sangue por todas as paredes, sinal de que a menina lutou contra o avô, a quem chamava de “paizinho”.

Olegário Borges, que segundo o mesmo jornal não era conhecida nenhuma doença mental, mas a quem o Correio da Manhã aponta uma depressão, é tido pela vizinhança como pacato e simpático, mas discutia com a filha sobre o pouco tempo que passava em casa.

Após matar a neta com várias facadas, o homem terá ficado horas a fio junto ao corpo, à espera que a filha chegasse. “Não cheguei a tempo de salvar a minha filha”, exclamou a mãe, segundo o vizinho Diogo Gomes, que acordou com os gritos.

Nesse momento o homicida tentou tirar a própria vida, golpeando os pulsos e o pescoço com a mesma faca que usou para matar Lara. Este foi transportado para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, tenho sido operado com sucesso aos ferimentos. Não corre perigo de vida.

Como avançou o Correio da Manhã, o homem parece ter premeditado o crime. Ligou várias vezes à filha para saber quando esta chegava e atacou a menina quando a mãe estava quase a chegar.

“Ele ligou-lhe e ela disse-lhe que estava perto. Minutos depois ligou a vizinha de baixo a dizer que tinha ouvido a Lara gritar. A mãe foi a correr, mas já nada havia a fazer”, contou ao jornal um familiar.

Olegário Borges deixou dois bilhetes junto ao corpo da neta, nos quais justificava o ato. Num deles contava que a Segurança Social lhe tinha cortado a pensão, após anos de trabalho na construção civil. “Como vou conseguir ajudar a minha Lara?”, interrogava-se. Noutro papel afirmou: “Tu e a tua tia não me vão levar a menina”.

“A Joana já tinha dito que o pai andava diferente. parecia mais triste, mais calado, mas nunca imaginámos que pudesse acontecer uma coisa destas”, continuou o mesmo familiar. “O avô era muito amigo da neta. Ninguém consegue explicar sequer poque é que ele pensava que a iam tirar. Nem sabíamos nada da Segurança Social, ele nunca contou que ia perder a pensão”, indicou.

De manhã, vários vizinhos foram ao local do crime. Indicaram que nunca tinham visto nada que indiciasse que tal pudesse ocorrer. Mónica Rodrigues, vizinha e amiga da família, referiu: “Não sabia de qualquer problema que houvesse naquela casa, é muito triste o que aconteceu, o avô e a menina andavam sempre juntos, eram vistos a brincar e sorridentes”.

A mãe da menina recebeu apoio psicológico do INEM e será ajudada pela Junta de Freguesia de Vialonga. O avô será ouvido e deito pela Polícia judiciária de Lisboa, quando receber alta hospitalar.

Lara passava os fins de semana na horta com o avô

Também de acordo com o Jornal de Notícias, Lara passava os fins de semana com o avô na horta, a poucas centenas de metros de casa. Era vista a brincar com os seus bonecos, mesmo junto à horta, enquanto o Olegário Borges tratava dos legumes.

Isabel Duarte, que tem um fumeiro adjacente à horta, disse que o ambiente entre os dois era sempre o melhor e admirável. “Davam-se os dois muito bem e era bonito de se ver”, contou ao jornal.

“Ele tratava da horta e esta estava sentada sempre numa mesa a brincar e a ver o avô que tratava por paizinho. Ele cuidava sempre muito bem dela, ouvia-o constantemente a dizer-lhe para beber água, para comer, para ir ter com ele na horta para aprender a cultivar, todo um ambiente muito bom e de admirar entre avô e neta. Ele preocupava-se muito com ela”, relatou.

Durante a semana, Olegário Borges levava a neta à escola e depois ia para a horta. “É um homem muito reservado, não falava muito, mas não era antipático, foi uma grande tragédia o que aconteceu”, referiu ainda.

Lara frequentava a escola na associação para o Bem-Estar Infantil de Vialonga. A família recebia da associação apoio alimentar, mas não estava sinalizada pelas autoridades por quaisquer indícios de maus-tratos ou carências.

ZAP //

2 Comments

  1. “não estava sinalizada pelas autoridades por quaisquer indícios de maus-tratos ou carências.” …
    E as que estão sinalizadas e as “tecnicas” comem tudo o que a mãe lhes diz, sem contraditorio e diminuem todas as evidencias que são mostradas, para contestar o que as “tecnicas” dizem para o tribunal?

    É triste…

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