Autarca disposto a pagar para manter repartição de finanças

Orlando Alves / Facebook

Orlando Alves, presidente da Câmara Municipal de Montalegre

Orlando Alves, presidente da Câmara Municipal de Montalegre

O presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves, afirmou hoje estar disposto a pagar para manter a repartição de finanças, por se tratar de uma “tremenda necessidade” para um território com 800 quilómetros quadrados.

“Existe uma enorme discriminação entre o interior e litoral, mas não temos culpa de ser poucos e não ter o poder reivindicativo dos de Lisboa”, disse o autarca.

O dirigente socialista reagia, em declarações à agência Lusa, à notícia de que o Governo se comprometeu a encerrar metade das repartições de finanças do país até ao final de maio, devendo a lista das unidades a fechar ter sido concluída até ao final do primeiro trimestre.

De acordo com o memorando de políticas económicas e financeiras que acompanha o relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a 11.ª avaliação ao Programa de Ajustamento Económico e Financeiro (PAEF), o Executivo escreve que pretende “estabelecer até ao final de 2014 um departamento dedicado aos serviços do contribuinte”, para “unificar a maioria dos serviços” e “melhorar a relação [dos contribuintes] com a administração” fiscal.

Orlando Alves frisou que o Governo continua “cego e surdo” às necessidades da população do mundo rural, abandonando uma parte significativa dos portugueses à sua sorte.

“O Governo corta a sangue frio os poucos serviços públicos que temos”, considerou.

Este concelho do interior do distrito de Vila Real é um dos 11 que, segundo uma lista divulgada em 2013, poderão perder as respetivas repartições de finanças.

O autarca lembrou que no concelho de Montalegre, com 10.000 habitantes e uma extensão de 800 quilómetros quadrados, não existem transportes públicos, obrigando a população a ter custos acrescidos com táxis ou viaturas próprias.

“Queremos ser tratados como gente e como igual”, afiançou.

Orlando Alves revelou que, no passado mês de novembro, enviou uma carta à ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, pedindo a manutenção do serviço na vila de Trás-os-Montes, assumindo o custo “total” do seu funcionamento.

Sem obter resposta, o socialista relembrou que, já que a ministra não reconhece os direitos destes cidadãos, por “caridade” que dê permissão para manter o serviço nesta vila.

“Eu entendo que seja necessário equilibrar as contas públicas, mas não sempre à custa dos mesmos”, concluiu.

/Lusa

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