Austrália deixa de reconhecer Jerusalém Ocidental como capital de Israel

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A ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Penny Wong.

Penny Wong garante que “o estatuto deve ser resolvido por meio de negociações de paz” com o povo palestino. O ministro de Israel considera a decisão “uma resposta precipitada à desinformação”.

O governo da Austrália, liderado pelo trabalhista Anthony Albanese, anunciou esta terça-feira que deixará de reconhecer formalmente Jerusalém Ocidental como capital de Israel, revertendo a decisão tomada em 2018 pelo anterior executivo conservador.

“A questão do estatuto final de Jerusalém deve ser resolvida por meio de negociações de paz entre Israel e o povo palestino“, disse a ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Penny Wong, numa conferência de imprensa.

Wong também sublinhou que o novo governo, eleito em maio, após nove anos de executivo conservador, não pretende transferir para Jerusalém Ocidental a embaixada australiana, que irá manter-se em Telavive.

“A Austrália está comprometida com uma solução de dois Estados na qual Israel e um futuro Estado palestino coexistam, em paz e segurança, dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas”, disse, antes de afirmar que não apoiará “uma abordagem que prejudique essa perspetiva”.

O então primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, anunciou em novembro de 2018 que o país iria reconhecer Jerusalém Ocidental como a capital de Israel, mas que não iria mudar a embaixada até que existisse um acordo de paz com a Palestina.

“Sei que isso causou conflitos e confusão no seio de parte da comunidade australiana, e hoje o governo está a tentar resolver isso”, disse Penny Wong.

A ministra acusou o governo de Scott Morrison de tomar a decisão para tentar ganhar uma eleição crucial num subúrbio de Sydney com uma grande comunidade judaica. “Foi um jogo cínico e mal sucedido“, disse Wong.

A decisão de 2018 também causou consternação na vizinha Indonésia — o país com o maior número de muçulmanos no mundo –, levando à suspensão temporária de um acordo de livre comércio com a Austrália.

Os Estados Unidos foram o primeiro país a tomar esta decisão, em dezembro de 2017, que rompeu com décadas de consenso internacional sobre a Cidade Santa, cuja parte oriental é ocupada por Israel desde 1967 e reivindicada pelos palestinianos como capital do seu Estado.

O anúncio da decisão do então Presidente norte-americano, Donald Trump, foi seguido por declarações semelhantes de outros países, como a Guatemala, o Paraguai, a República Checa e as Honduras.

Mas, em setembro de 2018, o Governo do atual Presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, disse que iria anular a decisão, “absolutamente unilateral e sem consulta, sem qualquer tipo de elementos, nem argumentos fundados no Direito Internacional”, tomada pelo Presidente cessante, Horácio Cartes, e anunciou o fecho da embaixada.

Esta decisão provocou mal-estar em Israel que, por seu lado, decidiu encerrar a sua representação em Assunção. A maioria dos países, incluindo Portugal, mantém as suas embaixadas em Telavive.

Israel critica decisão da Austrália

O governo israelita criticou a decisão da Austrália de deixar de reconhecer formalmente Jerusalém Ocidental como a capital de Israel, e convocou com urgência o embaixador australiano para uma reunião.

O primeiro-ministro israelita, Yair Lapid, descreveu o anúncio do governo da Austrália, liderado pelo trabalhista Anthony Albanese, como “uma resposta precipitada à desinformação na imprensa”.

“Só podemos desejar ao governo australiano que lide com os seus outros assuntos com mais seriedade e profissionalismo”, acrescentou Lapid, num comunicado.

Jerusalém é a capital eterna e unida de Israel e nada vai mudar isso“, acrescentou o primeiro-ministro israelita.

// Lusa

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