É um evento invulgar e “potencialmente histórico”. Uma tempestade solar de rara intensidade começou a afetar a Terra esta sexta-feira e pode causar perturbações nas redes elétricas e de comunicações, mas também impressionantes auroras boreais, que foram vistas em Portugal.
O SWPC – Centro de Previsão do Clima Espacial dos EUA, emitiu um alerta de tempestade geomagnética de nível 4, numa escala de 5.
“Uma série de erupções de massa coronal, que são explosões de partículas energéticas e campos magnéticos do Sol, são direcionadas para a Terra”, explicou Shawn Dahl, cientista deste centro associado à NOAA, agência dos EUA para os Oceanos e a Atmosfera.
A primeira destas explosões, “muito forte”, chegou à Terra esta sexta-feira por volta das 17:30, hora de Lisboa, detalhou a agência em comunicado publicado este sábado.
“Poderá haver impactos nas infraestruturas”, alertou Shawn Dahl, indicando que se trata de um evento “muito raro” que deverá persistir durante o fim de semana.
“Este é um evento invulgar e potencialmente histórico“, realçou por sua vez Clinton Wallace, diretor do Centro de Previsão de Meteorologia Espacial da NOAA.
O Sol está atualmente próximo do seu pico de atividade, de acordo com um ciclo que regressa a cada 11 anos.
Estas erupções de massa coronal – das quais pelo menos sete foram observadas direcionadas para a Terra – provêm de uma mancha solar com aproximadamente 16 vezes o diâmetro da Terra. O material expelido move-se a centenas de quilómetros por segundo.
Shawn Dahl recomenda que os residentes se equipam com geradores, como acontece com qualquer outro aviso de tempestade. No entanto, os operadores de eletricidade trabalharam durante os últimos dez anos para proteger melhor as suas redes, assegurou Rob Steenburgh, cientista do SWPC.
Os sinais de GPS também podem ser afetados, apontou Steenburgh, indicando ainda que a sua agência mantém contactos muito regulares com a NASA, o que garante a segurança dos astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS), mais vulneráveis à radiação solar.
Em relação ao tráfego aéreo, a FAA, Agência Americana de Aviação Civil norte-americana, disse “não esperar consequências significativas”.
No entanto, as tempestades geomagnéticas podem perturbar as ferramentas de navegação e as transmissões de rádio de alta frequência, explicou o regulador aéreo norte-americano, acrescentando que aconselhou as companhias aéreas e os pilotos a anteciparem possíveis perturbações.
A última vez que foi emitido um aviso de tempestade geomagnética de nível 4 foi em 2005. Este aviso precede o alerta, quando a tempestade é realmente observada.
O evento atual deverá ter uma magnitude completamente diferente, embora que ainda menor que a tempestade solar de 1859, a maior registada até agora na Terra. Conhecido como evento Carrington, correspondeu a um evento de nível 5 e interrompeu gravemente as comunicações telegráficas.
Este tipo de tempestade afeta particularmente as latitudes norte e sul, em torno dos polos, explicou à agência France-Presse Mathew Owens, professor de física espacial da Universidade de Reading. O evento deverá, portanto, gerar auroras boreais do norte e do sul, inclusive em regiões onde não são habituais.
E “quanto mais forte a tempestade, mais baixa ela vai em termos de latitude”, explica Mathew Owens
Auroras boreais visíveis em Portugal
Os céus de Portugal foram esta sexta-feira à noite ‘contemplados’ com auroras boreais, fenómeno associado à tempestade solar de rara intensidade que está a afetar a Terra.
Desde sexta-feira à noite que a página “Meteo Trás-os-Montes” no Facebook está a divulgar fotografias do fenómeno, em tons de roxo ou rosa, que apareceu nos céus de Portugal.
Entre as várias localidades onde surgiram registos fotográficos estão Chaves e Vila Pouca de Aguiar, no distrito de Vila Real, Bragança, Viseu, Seia e Celorico da Beira (Guarda), Condeixa (Coimbra) ou Portalegre.
“Nós já estávamos a esperar esta noite com expectativa, pois as agências norte-americanas já tinham alertado que a tempestade solar que nos ia atingir seria das maiores desde que há registos. Havia de facto possibilidade de se registar a aurora em locais pouco habituais”, realçou Márcio Santos, criador da página, sublinhando que os “registos fabulosos” superaram “e muito as expectativas”.
Márcio Santos apontou ainda à Lusa que a última grande aurora boreal em Portugal, da qual só há relatos, foi a 25 de janeiro de 1938. “Ilustrada desta forma é inédito”, vincou este aficionado por meteorologia.
Além de Portugal, outros países europeus como Espanha, França, Reino Unido, Roménia ou Ucrânia também estão a registar estes fenómenos.
Nos Estados Unidos, a aurora boreal era esperada na maior parte da metade norte do país, e talvez tão baixa quanto no Alabama ou no norte da Califórnia, de acordo com a NOAA.
“Se estivermos num lugar escuro, sem nuvens e com pouca poluição luminosa, poderá ver algumas auroras boreais bastante impressionantes”, garantiu Rob Steenburgh, cientista do SWPC.
ZAP // Lusa
A HAARP não veio publicamente dizer que isto foi um teste deles?