Cientistas encontraram evidências de que a atmosfera de Plutão está a começar a desaparecer, recongelando à medida que se afasta do Sol.
“Cientistas têm usado ocultações [quando um objeto é ocultado por outro que passa entre ele e o observador] para monitorizar mudanças na atmosfera de Plutão desde 1988″, começa por dizer, em comunicado, Eliot Young, um dos responsáveis da Divisão de Ciência e Engenharia Espacial do Southwest Research Institute (SwRI).
“A missão New Horizons obteve um perfil de densidade excelente no seu voo de 2015, consistente com a atmosfera de Plutão a duplicar a cada década, mas as nossas observações de 2018 não mostram essa tendência a partir de 2015”, explicou.
Tal como a Terra, a atmosfera de Plutão é predominantemente azoto. Ao contrário do nosso planeta, é suportada pela pressão de vapor dos seus gelos superficiais, o que significa que pequenas mudanças nas temperaturas dos gelos superficiais resultariam em grandes mudanças na densidade aparente da sua atmosfera.
Plutão demora 248 anos terrestres a completar uma órbita à volta do Sol e a distância varia do seu ponto mais próximo, cerca de 30 unidades astronómicas (UA) do Sol, a 50 unidades astronómicas.
Nos últimos 25 anos, Plutão tem recebido cada vez menos luz solar à medida que se afasta do Sol mas, até 2018, a sua pressão superficial e densidade atmosférica continuaram a aumentar. Os cientistas atribuíram isto a um fenómeno conhecido como inércia térmica.
“Uma analogia para esta situação é a forma como o Sol aquece a areia na praia. A luz solar é mais intensa ao meio-dia, mas a areia continua a absorver o calor ao longo da tarde, por isso é mais quente ao final da tarde”, acrescenta, na mesma nota, Leslie Young, que se especializou em modelar a interação entre as superfícies e as atmosferas de corpos gelados no Sistema Solar externo.
“A persistência contínua da atmosfera de Plutão sugere que os reservatórios de azoto foram mantidos aquecidos pelo calor armazenado sob a superfície. Os novos dados sugerem que estão a começar a arrefecer“, explicou.
Recorde-se que o maior reservatório de azoto conhecido é o Sputnik Planitia, uma brilhante bacia coberta de gelo que constitui o lobo ocidental do Tombaugh Regio em forma de coração.
Estas descobertas foram partilhadas, esta segunda-feira, na 53.ª edição do American Astronomical Society Division for Planetary Sciences Annual Meeting.