As rochas lunares trazidas pela missão espacial chinesa Chang’e-5 para a Terra, em dezembro do ano passado, mostram que a Lua teve atividade vulcânica mais recentemente do que se pensava.
Quando a missão espacial Chang’e-5 pousou na Lua no primeiro dia de dezembro de 2020, a China tornou-se o terceiro país do mundo a conseguir recolher rochas e solo lunares.
E, no mesmo mês, a missão chinesa foi responsável por trazer para a Terra as primeiras amostras lunares em mais de 40 anos – a última vez tinha sido em 1976, através de uma missão enviada pela antiga União Soviética (URSS).
Agora, conta a cadeia televisiva CNN, uma equipa internacional de cientistas estudou estas rochas lunares e chegou a uma das suas primeiras conclusões: o nosso satélite natural teve atividade vulcânica mais recentemente do que se pensava.
Segundo a estação norte-americana, as rochas lunares recolhidas pela Chang’e-5 têm cerca de 1,97 mil milhões de anos, sendo relativamente novas, tendo em conta que a Lua tem já 4,5 mil milhões de anos.
O objetivo desta missão espacial não tripulada era precisamente recolher rochas das áreas mais jovens da superfície lunar. Por isso, em comunicado, Brad Jolliff, professor de Ciências da Terra e Planetárias da Universidade de Washington e co-autor do estudo, disse que esta é a “amostra perfeita para fechar uma lacuna com dois mil milhões de anos“.
“Todas as rochas vulcânicas recolhidas pela missão Apollo tinham mais de três mil milhões de anos. E todas as jovens crateras de impacto cujas idades foram determinadas a partir da análise de amostras têm menos de mil milhões de anos. Portanto, as amostras da Chang’e-5 preenchem uma lacuna crítica“, acrescentou.
Conseguir datar as rochas trazidas pela missão chinesa ajuda os cientistas a perceber melhor a cronologia dos eventos na Lua. E, neste caso, a sua composição de basalto também mostra que ainda estava a ocorrer atividade vulcânica neste satélite há cerca de dois mil milhões de anos.
A missão Chang’e-5 pousou numa parte da Lua conhecida como Oceanus Procellarum, uma área de lava solidificada de uma antiga erupção vulcânica. Isto significa que já houve uma provável fonte de calor nesta zona para estimular a atividade vulcânica, embora ainda não haja nenhuma evidência dela.
“Agora, a tarefa será encontrar um mecanismo que explique como este aquecimento relativamente recente da Lua pode ter suportado a formação de magmas basálticos com temperaturas superiores a mil graus Celsius e, por último, ajudar os investigadores a melhorar a datação de todo o Sistema Solar”, disse também, em comunicado, Gretchen Benedix, outra co-autora da pesquisa e professora do Centro de Ciência Espacial e Tecnologia da Universidade Curtin, na Austrália.
O estudo foi publicado, na última quinta-feira, na revista científica Science.