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Astrónomos chilenos criam novo método para medir a massa de buracos negros

M. Kornmesser / ESO

Conceito artístico do quasar 3C 279

Cientistas da Universidade do Chile e do Centro de Astrofísica e Tecnologias Afins, CATA, revelaram esta sexta-feira os resultados de um trabalho que irá permitir melhorar a identificação e estudo dos “buracos negros supermassivos” e como estes se relacionam entre si.

Segundo anunciaram os autores do estudo em conferência de imprensa, o trabalho será publicado esta segunda-feira, 20 de novembro, na revista Nature Astronomy.

A investigação, realizada pelo professor de Astronomia Julián Mejía, da Universidade do Chile, e Paula Lira, investigadora da mesma instituição e do CATA, tem como objectivo “corrigir e reduzir significativamente os erros dos cálculos das massas dos buracos negros”.

Até agora, o método mais usado para estimar a massa destes fenómenos consiste em analisar a radiação proveniente das nuvens de gás que se forma nas imediações do disco que alimenta o buraco negro, o qual “pode chegar a brilhar tanto como todas as estrelas da galáxia na qual se encontra”.

No entanto, a exactidão deste método depende em grande medida da forma como as nuvens de gás estão distribuídas, informação que é quase sempre desconhecida.

Para solucionar este problema, o trabalho de Julián Mejía e Paula Lira consistiu em estudar 40 quasares, uma fonte astronómica de energia electromagnética que inclui radiofrequências e luz visível, usando o espectrógrafo X-shooter do telescópio VLT do European Southern Observatory – ESO, situado em Cerro Paranal, no norte do Chile.

Este instrumento é capaz de abranger simultaneamente um conjunto muito amplo de comprimentos de onda – desde o ultravioleta até ao infravermelho próximo, o que permitiu medir a emissão dos “discos alimentadores” dos buracos negros observados.

“Os nossos dados permitiram-nos calcular de duas formas distintas a quantidade de matéria contida nestes buracos negros: através da forma como o disco emite a radiação e através do estudo da emissão das nuvens de gás”, explica Julián Mejía.

“Quando comparamos ambas as massas encontramos uma forma simples de corrigir significativamente os valores das massas obtidas a partir da informação das nuvens de gás, que é o método habitualmente usado pelos astrónomos“, diz o cientista.

O estudo foi realizado em colaboração com Benny Trakhtenbrot, investigador do Instituto ETH na Suíça, Daniel Capellupo, investigador da Universidade de McGill no Canadá, e Hagai Netzer, professor da Universidade de Tel Aviv, em Israel.

Segundo Netzer, que trabalhou durante anos na medição de massas de buracos negros supermassivos, “o novo método pode ajudar a descobrir as ligações entre os buracos negros e as galáxias hóspedes quando o universo era jovem, isto é, quando o universo tinha menos de 4 mil milhões de anos“.

// EFE

 

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