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Os asteróides não são assim tão irrelevantes (e há cinco razões para isso)

A exploração espacial captou desde sempre a atenção dos mais entusiastas. Mas há motivos suficientes para que a atenção dos cientistas se volte para vizinhos muito menores do que a Lua, e muito mais traiçoeiros: os asteróides.

Para muitos parece mais fascinante explorar a Lua ou um planeta como Marte, uma ambição partilhada pela NASA e por Elon Musk. Mas olhar para os asteróides e enviar missões com o propósito de os explorar pode resultar em descobertas igualmente fascinantes. Exemplo disso é a missão OSIRIS-REx, da NASA, que explora o asteroide Bennu.

Para trazer estes “pequenos” corpos rochosos à luz do holofotes, Dimitri Veras, cientista da Universidade de Warwick, e James Blake, da mesma instituição, elencaram num artigo do The Conversation cinco motivos para que os asteróides recebam o devido reconhecimento do grande público, e não só da comunidade científica.

O primeiro é aterrorizador: os asteróides podem matar-nos. Apesar de as possibilidades de um meteoro cair na nossa cabeça serem quase zero, é importante lembrar que os dinossauros foram extintos graças a uma cadeia de eventos que começou com um incidente como este.

Além disso, em fevereiro de 2013, um meteoro caiu sobre os Montes Urais da Rússia em Chelyabinsk, e causou uma explosão que feriu mais de mil pessoas. O corpo rochoso pesava cerca de 10 toneladas e media cerca de 14 metros de largura.

O meteoro entrou na atmosfera terrestre a uma velocidade de, pelo menos, 53 mil quilómetros por hora, e ninguém viu o asteróide chegar. “E se o mesmo acontecer numa área urbana?”, questionam os autores no artigo.

O segundo motivo prende-se com um elemento fundamental à vida. Existem estudos científicos que levantam a hipótese de a água ter chegado à Terra através de cometas e meteoros, há milhares de milhares de anos. A ideia não é, de todo, absurda se relembrarmos a missão Dawn, da NASA, que revelou que o maior asteróide conhecido – Ceres – é repleto de água congelada.

O terceiro e último lugar do pódio desta lista é misterioso: os asteróides podem revelar segredos antigos do Sistema Solar.

As superfícies dos asteróides não se desgastam, dado que não têm atmosfera. Por esse motivo, as crateras destes corpos estão melhor preservadas em grandes escalas de tempo e carregam em si os impactos e marcas dos últimos milhares de anos. Segundo os autores, os asteróides podem mesmo servir como “túneis do tempo” na procura de provas.

Além disso, podem também mostrar-nos como o Sistema Solar irá morrer. Um dia, daqui a alguns milhares de milhões de anos, o Sol provavelmente transformar-se-á numa anã branca e engolirá Mercúrio, Vénus e a Terra no processo de expansão. Mas pelo menos cinco dos planetas do sistema solar, e muitos asteróides, poderão sobreviver.

Desta forma, os asteróides desempenham um importante papel neste ciclo. Analisar os restos de asteróides partidos dentro das atmosferas de anãs brancas – como acontece hoje – permite determinar a composição química destes corpos rochosos e fazer uma espécie de “autópsia” à distância, que ajudará a identificar a composição química de sistemas planetários além do nosso.

Por último, mas não menos importante: os asteróides podem suportar vida. Um impacto suficientemente grande de um asteroide num planeta poderia gerar energia suficiente para “lançar” material da superfície para o Espaço. Se o planeta em questão for habitado por formas de vida, parte do material lançado pode ser um transporte acidental de microrganismos resistentes.

Se estes microrganismos sobreviverem ao ambiente inóspito do Espaço, há probabilidades de encontrarem um novo planeta habitável como destino final. Apesar de as possibilidades serem pequenas, não são inexistentes, sublinham os investigadores.

Independentemente disso, chegámos à conclusão que cinco motivos chegam para nos convencer de que os asteróides não são assim tão insignificantes.

ZAP // CanalTech

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