A assembleia-geral do BPI para discutir a desblindagem de estatutos foi suspensa esta terça-feira, pela segunda vez, e adiada para dia 21 de setembro.
A reunião magna arrancou cerca das 10h (hora de Lisboa) na Fundação de Serralves, no Porto, e terminou ainda antes das 11h, sendo que daria continuidade à anterior reunião de 22 de julho, que havia já sido suspensa por 45 dias.
A suspensão desta terça-feira acontece por proposta do espanhol CaixaBank, o maior acionista do BPI, com 45% do capital social, após ter sido conhecido que um tribunal aceitou a providência cautelar apresentada em junho pelo acionista Violas Ferreira Financial – o maior acionista português do BPI – que impede que seja votada a proposta de alteração de estatutos apresentada pelo Conselho de Administração do banco
Atualmente, cada acionista do BPI só pode votar no máximo com 20%, independentemente da participação que detenha.
Isto faz com que, apesar de os espanhóis do Caixabank terem 45% do banco, estes estejam, na prática, em situação de paridade com a angolana Santoro, que tem 18,6%, uma participação que se associa aos 2,28% do Banco BIC, uma vez que ambas as empresas têm Isabel dos Santos como acionista de referência.
As ações do BPI fecharam na segunda-feira a cair 3,04% para 1,09 euros.
Intranquilidade
O presidente do Banco BPI, Artur Santos Silva, afirmou que é com “intranquilidade” que é vivido o impasse que atualmente existe no banco e que é fundamental para o futuro que o assunto se resolva rapidamente.
Artur Santos Silva adiantou que o pedido de suspensão da reunião magna, proposto pelo CaixaBank, foi aprovado com 91% dos votos, com 8,9% contra, o que considera que “revela a vontade maciça dos acionistas para que este assunto se resolva logo que haja decisão judicial“.
“Todos sentimos uma grande intranquilidade por este assunto, que é fundamental para o futuro do banco, não estar resolvido. Compreendo que acionistas, e não só o CaixaBank, sintam intranquilidade por não estar decidido”, afirmou o fundador e chairman do banco na conferência de imprensa que se seguiu à assembleia-geral do banco que decorreu hoje no Porto.
Santos Silva respondia assim à questão dos jornalistas sobre a notícia de segunda-feira do jornal digital espanhol El Confidencial, que referia que o presidente da CriteriaCaixa, acionista maioritário do CaixaBank, Isidro Fainé, “pondera muito seriamente retirar a proposta de compra, face ao novo obstáculo judicial surgido para controlar o terceiro banco luso”.
O fundador do banco disse ainda que, sobre esse assunto, só viu uma notícia e não qualquer informação oficial do banco catalão e garantiu que, apesar do que se passa, “o banco continua bem e o funcionamento continua a correr normalmente”.
ZAP / Lusa