Asia Bibi quer obter asilo político em França

A cristã paquistanesa Asia Bibi, condenada à morte por blasfémia em 2010 e absolvida oito anos depois, antes de se refugiar no Canadá, referiu esta segunda-feira pretender obter asilo político em França.

Asia Bibi disse à rádio francesa RTL que viver em França é o seu desejo, nas suas primeiras declarações neste país, onde esta semana apresenta o seu livro autobiográfico “Enfim Livre!”.

“A França é o país onde obtive uma nova vida (…). Anne-Isabelle é para mim como um anjo”, explicou, numa referência à jornalista francesa Anne-Isabelle Tollet, com quem coescreveu o seu livro e espera continuar a cooperar. Este testemunho, publicado em janeiro em francês e que será editado em setembro em inglês, fornece poucos detalhes sobre a sua nova vida no Canadá, mas percorre de forma pormenorizada a sua detenção.

“Evidentemente, tenho o desejo de que o Presidente atenda o meu pedido” de asilo, acrescentou, esperando ter a ocasião de se encontrar com Emmanuel Macron e mulher durante a sua passagem por Paris, que decorre com algumas medidas de segurança.

Asia Bibi deve receber na tarde desta terça-feira pelas mãos da presidente de câmara socialista da capital, Anne Hidalgo, o diploma de honra da Cidade de Paris com o qual foi agraciada em 2014. Deverá ser a sua primeira aparição pública. A paquistanesa deverá ainda encontrar-se com jornalistas no fim de semana.

Operária agrícola e mãe de família, com cerca de 50 anos, Bibi foi condenada à morte por blasfémia na sequência de um conflito com aldeões muçulmanos em torno de um copo de água. A blasfémia permanece uma questão muito sensível no Paquistão, onde uma simples acusação pode implicar pesadas consequências, apesar de uma sensível melhoria nesta área nos últimos anos.

O seu caso motivou um longo processo judicial que dividiu o país e atraiu as atenções dos papas Bento XVI e Francisco. Após ter passado oito anos nos corredores da morte no Paquistão, até à sua absolvição em outubro de 2018, vive desde maio de 2019 no Canadá.

Os cristãos, cerca de 2% da população paquistanesa maioritariamente muçulmana, encontram-se entre as comunidades mais desfavorecidas do país asiático.

ZAP // Lusa

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