Afinal, as manchas das girafas não são só para camuflar (nem enfeitar). Um novo estudo descobriu que também influenciam a forma como os animais sobrevivem quando as temperaturas ficam mais quentes ou mais frias do que o normal.
Cada girafa tem um conjunto único de manchas. Mas para que servem? Para ‘inglês ver’? Não. Camuflagem? Sim, mas não só. O tamanho das manchas das girafas está relacionado com a forma como os animais sobrevivem a temperaturas irregulares.
A conclusão foi de um estudo publicado esta quarta-feira na EcoEvoRxiv.
Como detalha a New Scientist, os investigadores estudaram 810 girafas Masai selvagens (Giraffa camelopardalis tippelskirchi) que vivem no ecossistema de Tarangire, na Tanzânia.
Em geral, verificou-se que as crias com manchas pequenas e lobadas e os machos adultos com manchas pequenas e lobadas ou grandes e poligonais tinham mais probabilidades de sobreviver.
No entanto, quando as temperaturas médias sazonais atingiram um ou dois graus acima ou abaixo da média sazonal, o cenário mudou.
Por um lado, as crias e os machos adultos com pintas maiores tinham mais probabilidades de sobreviver a temperaturas extremamente baixas.
Por outro, os que tinham pintas mais pequenas tinham mais probabilidades de sobreviver a temperaturas muito altas.
“As pintas das girafas têm uma densa rede subjacente de vasos sanguíneos e pensa-se que os animais podem contrair os vasos para conservar o calor quando está frio ou expandi-los e libertar mais calor quando está calor”, explica à New Scientist, Monica Bond, da Universidade de Zurique e coautora do estudo.
Isto pode explicar porque é que manchas maiores estão a levar a uma melhor sobrevivência das girafas a temperaturas mais frias.
No entanto, sabe-se que as manchas também absorvem mais calor do sol do que as regiões mais claras do pelo, porque são escuras e refletem menos luz.
Isto significa que, quando as temperaturas são demasiado elevadas, o calor absorvido da luz solar pelas manchas escuras maiores pode exceder a capacidade de dissipação do calor em excesso.
“Isso pode tornar as manchas desvantajosas e expor os indivíduos à hipertermia, admite a coautora do estudo Alexia Mouchet, da Universidade de Zurique.