As folhas de lótus vão gerar eletricidade a partir da sua transpiração

Uma equipa de cientistas desenvolveu um gerador de energia que aproveita a transpiração das plantas para criar eletricidade, o que poderá transformar todas as folhas existentes numa fonte de energia sustentável. 

O gerador de transpiração de folha de lótus vivo (LTG) é capaz de alimentar pequenos dispositivos eletrónicos e pode ser utilizado para criar redes de eletricidade alimentadas por plantas.

Os atuais dispositivos requerem frequentemente abastecimento de água, o que cria limites geográficos, uma vez que os dispositivos têm de estar perto de massas de água, como rios ou barragens.

Num novo estudo, publicado na semana passada na Nature Water, os investigadores criaram o LTG através da colocação de um elétrodo de malha de titânio na superfície superior de uma folha de lótus para atuar como cátodo, enquanto um elétrodo de agulha de titânio foi inserido no caule da folha para atuar como ânodo.

“Este estudo não só revela o efeito hidroelétrico sem precedentes da transpiração das plantas, como também fornece uma nova perspetiva para o avanço das tecnologias de energia verde”, salientam os investigadores.

Quando ocorre a transpiração, é criado um gradiente de potencial hídrico entre as aberturas dos estomas na superfície da folha e as raízes da planta. A ação capilar ascendente da água cria uma diferença de potencial elétrico entre os elétrodos.

Além disso, a equipa descobriu há diversos fatores que afetam a transpiração e o desempenho deste dispositivo. Um diâmetro do caule mais espesso permitiu taxas de transporte de água mais elevadas, melhorando o desempenho.

Por sua vez, uma temperatura ambiente mais elevada melhorou a produção de eletricidade, no entanto, o aumento da humidade diminuiu a produção.

“Para conseguir uma aplicação comercial generalizada, é necessário ultrapassar alguns desafios, tais como melhorar a eficiência da produção de energia de uma única folha, otimizar o sistema de recolha e armazenamento de energia e expandir os cenários de aplicação”, conclui o primeiro autor do estudo, Qichang Hu.

Apesar do desempenho do LTG ainda estar na fases inicial, a equipa vai explorar diferentes métodos para fazer avançar esta tecnologia.

Soraia Ferreira, ZAP //

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