As barbas já tiveram vários significados e teorias para a sua explicação ao longo da história.
Ao longo de mais de dois milénios, as tendências e a significância do pêlo facial masculino evoluíram, influenciando e refletindo as normas sociais e políticas muito antes de movimentos modernos como o No-Shave November, que serve para aumentar a conscientização sobre as pesquisas do cancro.
Uma mudança significativa nas atitudes em relação ao pêlo facial ocorreu durante o tempo de Alexandre, o Grande, cuja ordem para que os seus soldados se barbeassem antes da batalha, segundo o historiador Christopher Oldstone-Moore, despoletou uma moda de rostos sem barba que persistiu durante 400 anos na Grécia e em Roma.
Na sua obra “Of Beards and Men”, Oldstone-Moore explora a ligação profunda entre o pêlo facial e a identidade masculina, passando por diferentes períodos e civilizações. Antes da decisão de Alexandre, os homens da antiguidade geralmente favoreciam barbas, mas a prática de barbear-se data de tempos ainda mais remotos, com os sumérios e egípcios a utilizarem lâminas de cobre ou bronze.
No entanto, a barba nem sempre foi apenas um símbolo de virilidade masculina. Por exemplo, a faraó Hatshepsut usou uma barba artificial durante o seu reinado, seguindo as tradições estilísticas dos reis egípcios. Mais tarde, o próprio Shakespeare referiu as barbas em quase todas as suas peças de teatro, refletindo a sua importância na sociedade da época, escreve a National Geographic.
O pêlo facial masculino também foi objeto de crenças médicas peculiares ao longo dos tempos. Na Renascença, acreditava-se que o crescimento da barba estava ligado à produção de sémen, uma ideia falsa com raízes nas teorias de calor vital dos cientistas gregos clássicos, que acreditavam que ambos os sexos produziam este calor, mas os corpos das mulheres não estão preparados para lidar com grandes quantidades significativas.
Desta forma, apenas o corpo de um homem poderia sobreviver deixando crescer a barba. Na Grécia clássica, as pessoas até acreditavam que se uma mulher na pós-menopausa tivesse alguns pêlos faciais, adoecesse e eventualmente morresse, a causa da morte seria uma acumulação anormal de sémen, sendo os pêlos um sintoma desse problema de saúde.
Outra explicação inusitada para as diferenças de género foi dada pela abadessa alemã Hildegard de Bingen, por volta do ano 1160, que acreditava que os pêlos faciais ocorriam exclusivamente ao redor da boca por causa do hálito quente dos homens. As mulheres, de acordo com os escritos de Hildegard, não teriam um hálito tão quente como o dos homens.
As barbas e bigodes também foram vistos como um possível risco para a saúde, com teorias no século XIX a sugerir que o pêlo facial poderia abrigar micróbios prejudiciais à saúde. Numa experiência de 1907, um cientista francês revelou que os lábios de uma mulher beijada por um homem bigodudo estavam “poluídos com bactérias da tuberculose e da difteria, bem como com partículas de comida e um fio de cabelo da perna de uma aranha”.
As normas de trabalho no início do século XX e as decisões do Supremo Tribunal dos EUA em 1976 reforçaram a importância de fazer a barba como um sinal de profissionalismo. No entanto, a partir da virada do milénio, os padrões começaram a mudar, com uma aceitação crescente do pêlo facial no local de trabalho.
Hoje, com a liberdade facial em aumento, os homens adotam uma variedade de escolhas de para cuidarem das suas barbas. As análises de mercado de junho de 2022 mostram que, em vez de lâminas, os homens estão agora a investir mais em aparadores elétricos, refletindo a mudança contínua nas tendências de pêlo facial e os seus significados na sociedade contemporânea.