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Decifrada a árvore genealógica da Via Láctea (e a misteriosa colisão com Kraken)

Uma nova análise de aglomerados globulares revela mais detalhes sobre as fusões ocorridas na nossa Via Láctea, alem de lançar luzes sobre um evento misterioso que envolveu a enigmática galáxia Kraken.

Quando uma galáxia captura um feixe compacto de estrelas, este mantém uma independência parcial e torna-se um aglomerado globular que orbita o objeto combinado. Diederik Kruijssen, da Universidade de Heidelberg, realizou um estudo detalhado dos aglomerados globulares da Via Láctea para encontrar características comuns.

De acordo com o IFL Science, o investigador da universidade alemã tentou “fazer engenharia reversa” no desenvolvimento da nossa galáxia, sendo que o principal desafio foi construir esta espécie de árvore genealógica da Via Láctea.

“O principal desafio de relacionar as propriedades dos aglomerados globulares com a história de fusão da galáxia hospedeira sempre foi o facto de a montagem da galáxia ser um processo extremamente confuso, durante o qual as órbitas dos aglomerados globulares são completamente reorganizadas”, lê-se no comunicado.

Com base nas suas idades, caminhos orbitais e conteúdo de metal, os aglomerados globulares foram identificados em cinco grupos, para além daqueles que se pensa terem sido formado inicialmente com a Via Láctea.

Quatro destes aglomerados de aglomerados correspondem às galáxias progenitoras conhecidas: Gaia-Encélado, Helmi, Sequóia e Sagitário.

O último grupo “fornece uma excelente combinação para as propriedades previstas da enigmática galáxia Kraken“, escreveram os autores do artigo científico, publicado na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. Apesar de os cientistas pensarem que a galáxia Kraken era parecida, em termos de dimensões, com a Gaia-Encélado, afirmam que a sua absorção teve um impacto muito maior na Via Láctea.

“A colisão com a Kraken deve ter sido a fusão mais significativa que a Via Láctea já experimentou”, disse Kruijssen. Até agora, pensava-se que o maior evento de colisão tinha ocorrido com a Gaia-Encélado, há cerca de 9 mil milhões de anos.

Mas a fusão com Kraken teve lugar há 11 mil milhões de anos, quando a Via Láctea era quatro vezes menos massiva. Como resultado, a colisão com Kraken deve ter transformado a aparência da Via Láctea na altura.

As descobertas da equipa permitiram reconstruir a árvore genealógica das fusões da nossa galáxia. A Via Láctea canibalizou cerca de cinco galáxias com mais de 100 milhões de estrelas e cerca de quinze com, pelo menos, 10 milhões de estrelas.

Liliana Malainho, ZAP //

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